Pessoas que frequentam Punta há muitos anos haviam me falado para conhecer a Finca e Granja Narbona. Pessoas que amam comer e detestam frescura. Deste modo, já tinha idéia de que seria bacana, etc e tal. Mas não é bacana. É sensacional.
A Finca fica na La Barra, no campo, a caminho do novo Fasano. Ao chegar, a primeira coisa que se vê são as caminhonetes antigas, completamente restauradas, que fazem as entregas e zanzam pela propriedade. A segunda coisa que se vê é uma casa linda, branca, espaçosa, que se abre em um pátio interno deslumbrante, com vista para um recém plantado parreiral e para os campos de Punta del Este. A terceira coisa que se vê é você mesmo largado em um dos sofás de almofadas fofas dipostos na sacada. Depois, só quer se ver a paisagem, ouvir os passarinhos, tomar goles de vinho e dar longos suspiros– nestas horas é que vejo porque dinheiro é tão bom…
Daslu não me faz feliz, mas esse pedaço da Toscana (ou de Narbona, cidade francesa da região do Languedoc, inspiração dos proprietários para este restaurante), sim. E como.
A Finca Narbona é uma propriedade rural que tem sua matriz em Puerto Carmelo (a 400 km dali), onde ficam os vinhedos e uma pousada que PRECISO ir (vi as fotos e quase hiperventilei). Na propriedade de Punta eles fabricam queijos, azeites, geléias, frutas em compota, massas e pães, todos à venda no armazém anexo, e também funcionam como restaurante. Cada detalhe– da pinturas dos vidros ao paisagismo– é bem cuidado, retrô, claro, lindo. O luxo, ali, está nas mãos das pessoas que produzem as comidas, na rusticidade elegante, na paz de espírito. O luxo ali é estar longe de tudo comendo tremendamente bem, tremendamente relaxado.
O luxo ali é ser o oposto do mundo Amaury Jr. e do Conrad. É vestir camiseta branca e shorts de sarja. É alimentar-se com calma, conversar a tarde toda, parar para olhar o céu azul e não para o relógio.
A idéia da Finca é proporcionar para o visitant uma experiência, não apenas uma refeição– e, olha, eles conseguem atingir o objetivo 150%.
O menu é pequeno, com 6 pratos e algumas entradas. Fomos de tábua de queijos caseiros com parma. JIZUIS! Queso da colonia e parmesão fresquíssimos, cheios de sabor que não é o de geladeira. Manteiga feita no dia com pão macio e cheiroso. Para beber, o mais novo vinho Narbona, o Medyo e Medyo, mistura de espumante e vinho branco produzido com a uva a Viognier, o que resultou num vinho adocicado, mega aromático (baunilha, baunilha, baunilha!), com cremosidade de vinho de sobremesa e a leveza das borbulhas do espumante. Gelado, com aquele cenário, foi feito água…
Para o prato principal, escolhi um risoto de cogumelos. Meu acompanhante foi de filé de pescado com manteiga negra e alcaparras, acompanhado de legumes na parrilla. Sinceramente, um dos melhores risotos que comi na vida! Equilibrado, feito TOTALMENTE na hora, com arroz no ponto e um pecorinho recém ralado para completar. O peixe dele estava suculento, crocantinho por fora: simples e perfeito.
Para sobremesa, fui de sorvete (caseiro) de doce de leite (caseiro) com crocante de chocolate. Sensacional.
Em dias como hoje, em lugares como a Narbona, tenho mais certeza de que as coisas mais idílicas da vida são as feitas com capricho e simplicidade. Seja na Toscana, no Tahiti ou num ponto (quase) perdido do Uruguai.
Ah, sim, os preços: tudo o que citei aqui saiu menos de R$ 290. Daí eu digo: São Paulo é mesmo a cidade mais cara do mundo… e, pra piorar, ainda é feia feito o demo chupando manga.
Finca e Granja Narbona: 00598 96 648664
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