Odeio calor com todas as minhas forças. Odeio também a sensação de estar sempre melecada de suor, cansada. Na medida do possível, saio de São Paulo quase todos os finais de semana do verão. Um dos lugares próximos que me fazem mais feliz nesta época do ano é Campos do Jordão: temperatura amena, ar puro, silêncio durante a noite. Dá para usar vestidinho durante o dia e colocar uma malhinha depois das seis da tarde. CIVILIZADO.
Neste contexto, o Grande Hotel Campos do Jordão é um tipo de oásis abastecido por comida boa, piscina gostosa, imensas áreas verdes e crianças mantidas à distância (a área do hotel é tão grande que nem se ouve a animação e gritos típicos da idade). Fui para lá no feriado do aniversário de São Paulo e, olha, foi ótimo. O problema foi chegar à Marginal Tietê, na volta, e topar com o termomêtro marcando 32 graus e um congestionamento desgracento…
O serviço é primoroso, sempre. Os profissionais ou estudantes do hotel-escola do SENAC não exageram na simpatia– e com isso não soam falsos— mas permanecem atenciosos o tempo todo. Precisou, estão lá. Curto muito também os pequenos cuidados com o cliente, como os bombons e biscoitos da sorte deixados sobre o travesseiro no cair da tarde e os produtos Natura nos banheiros das suítes (sabe bem a importância disso quem já lavou o cabelo com xampu podre e ficou parecendo uma vassoura gasta).
Mas, para mim, o maior ponto positivo do hotel não é nem o serviço, nem a linda e imensa área verde cheia de pica-paus, esquilos e pássaros, nem a programação intensa que mantém todo mundo entretido (até a mim, que odeio atividades coletivas mas adorei a aula/degustação de vinhos mas perdi a hora para a aula de cozinha grega), nem o quarto amplo, moderno. O que mais amo nos hotéis do SENAC, incluindo o de Campos, é a comida.
O bufê de café da manhã é uma obra de arte: imenso, lindamente arrumado, tem uma variedade aterradora de pães, biscoitos, bolos, cereais, frutas, frios, iogurtes… E muda todo dia. Ou seja: enjoar não é uma opção. Amei o bolo simples e bem feito de xerém (“migalhas” de castanha de caju) e o pão de fibras.
Daí, depois de uma massagem e um mergulho na piscina aquecida, está na hora do almoço. Sério, são uns quarenta pratos. Salada de banana com molho de iogurte, ceviche de polvo, arroz negro com passas, medalhão de filé mignon, estação de massas, um incrível queijo de cabra com pesto de nozes, feijoada, pintado assado com legumes, arroz cremoso com abobrinha e coco, ragu de cordeiro, queijo coalho grelhado com mel, galinha d’angola, coq au vin. Um universo em mutação diária. Preparações, em sua maioria, bem feitíssimas, saborosas, sem excesso de sal ou temperos. Uma tremenda qualidade. Mas ainda tem a mesa de sobremesas. CARAMBA.
Fora as refeições no restaurante maior, sempre em sistema de bufê, que estão inclusas na diárias, o hotel tem duas outras opções: o Araucária e a Arte da Pizza.
No restaurante Araucária, o chef Alexandre Righetti prepara menus-degustação criativos e bem executadíssimos (precisa de reserva).
Na noite em que jantamos lá, dois pratos da excelente sequência (Thai Ceviche de Tilápia, guacamole e tortilhas crocantes, Lombo de bacalhau assado, purê de batatas e alho assado crocante com pão de ervas, entre outros) se destacaram: o maciíssimo, vermelho e suculento Carré de Cordeiro assado com crosta de chorizo espanhol e ravióli de queijo brie com batata doce e o Entremet de chocolate de origem com cupuaçu (sobremesa feita com camadas de creme de cupuaçú e chocolate meio amargo).
A Arte da Pizza fica fora do prédio principal, no meio do verde e ao lado de um riozinho. Linda, integra o salão, o preparo das pizzas e os fornos. Alguns sabores são bem criativos– linguiça com cebola caramelizada (doce em excesso) e truta defumada com queijo— mas a massa é meio “pãozenta”, com o interior sem leveza, muito ácida. Não rolou comigo, não. É premiada por vários guias e tal, o ambiente realmente é aconchegante, mas a pizza em si é nota 6 e cara (média de R$ 66). Bom, nem tudo pode ser perfeito, né?!
No final do feriado eu podia não estar mais magra como havia prometido a mim mesma, mas estava com meu humor em dia e, importantíssimo, sem suar feito um maratonista no Congo.
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