Sobaria: linguiça de maracaju, sopa paraguaia e mais Mato Grosso do Sul

Sopa Paraguaia: tá estranhando o nome? Pois é este mesmo...

O Sobaria não é um restaurante japonês, ao contrário do que a maioria das pessoas pensam por conta do nome. Ele é bem brasileiro e oferece pratos da cozinha típica do Mato Grosso do Sul– a começar pelo Sobá, especialidade da culinária  japonesa trazida pelos imigrantes de Okinawa e tão consumido na capital do estado, Campo Grande, que foi incorporado pela população local como refeição no dia-a-dia. A receita básica leva o macarrão de trigo sarraceno cozido em caldo (com shoyu e vários outros temperos), servido com omelete fatiada, muita cebolinha, carne e molho de gengibre. Mas volto a falar dele depois.

Chipa: primo do pão de queijo feito com dois tipos de polvilho

O menu da casa de salão mega simples — dos mesmos proprietários da marca de sorvetes Frutos do Cerrado— não é enorme, mas cobre bem os quitutes mais tradicionais da região. Entre as entradas, Costeletas de pacu (R$ 26), mandioca cozida servida com com shoyo (mais uma vez a influência japonesa; R$ 20) e os campeões de audiência, a chipa (R$ 15) e a sopa paraguaia (R$ 20). Por partes: chipa, receita tradicional paraguaia que migrou para o MS, é um primo do pão de queijo mais crocante por fora e mais macio e esponjoso por dentro, moldado em formato de ferradura, feito com polvilho doce e azedo, leite, queijo meia-cura, óleo, ovos e  fermento. Se é bom? Olha, melhor que pão de queijo tradicional (se isso é possível).

Pequi fatiado, licor de pequi e Taboa: sabores do Mato Grosso do Sul

Então, a tal da sopa paraguaia (eita vizinho influente!). A torta de milho, queijo e cebola é chamada de sopa por conta da época em que era mesmo uma sopa: reza a lenda que durante a Guerra do Paraguai, os soldados levavam uma sopa substanciosa para se alimentar; por conta da falta de praticidade em transportar algo líquido, foram colocando mais milho, mais milho…. até virar uma torta. A sopa paraguaia do Sobaria é úmida, com gosto forte e rústico do milho, um toque de queijo e sabor beeeem suave de cebola. Interessante mas não imperdível.

Sobá de filé mignon: macarrão, omelete, cebolinha, carne e muito calor

Gostei  do prato que dá come ao restaurante– provei o sobá de filé mignon que comi (pequeno, R$ 24; médio, R$ 28), que trazia carne suculenta, vermelhinha por dentro, e um ótimo molho de gengibre que dá um up ao caldo meio sem graça in natura (e fiquei de olho bem grande na versão com camarão de água doce) mas voltarei lá loguinho para comer direito outra especialidade, a Linguiça de Maracaju, da qual provei só um pedaço– não resisti ao cheiro que vinha da mesa ao lado e pedi um tiquinho… feio, mas foi ótimo.

Feita há mais de 120 anos, essa delícia carnuda leva picanha, fraldinha, filé mignon, suco de laranja azeda, alho e cebola. Ela vem à mesa sobre uma chapa quentíssima, com o exterior ligeiramente crocante, acompanhada de arroz, vinagrete, farofa e mandioca cozida (R$ 38 para uma pessoa e R$ 65 para duas). Curti tanto que  estou até pensando em dar uma passada na Festa da Linguiça de Maracaju!

Algumas das dezenas de sabores dos picolés da Frutos do Cerrado

Para sobremesa? Eles oferecem doces típicos e tal, mas aconselho a levantar, entrar na porta ao lado do restaurante e escolher algum (ns) dos mais de cinquenta sabores de picolé da Frutos do Cerrado ou entre os doze de massa. Eu amo o de pequi, o de mamacadela, o de taperebá e o de brejaúba (R$ 3, cada). Termine a lambança com um digestivo tradicionalzão e bem do bom: tererê com limão, geladinho (R$ 10).

Sobaria é um lugar para ir com tempo e fome– e jamais em períodos de dieta.

Sobaria: Rua Áurea, 343, Vila Mariana, tel.: 5084-8014

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