Hugo Delgado, proprietário do Obá, é um mexicano bem orgulhoso de sua terra e gastronomia– há alguns anos ele realiza o Festival Mexicano e também o do Tequila. São ocasiões onde se come absolutamente bem a comida REAL mexicana e não a gororoba texmex que invadiu o mundo. Nesta edição, a cozinheira convidada é Lourdes Hernandez. Também mexicana, Lourdes comanda um restaurante caseiro (no sentido literal do termo) que só abre algumas vezes por mês (clique aqui para ler) e no qual prepara receitas tradicionais, com diversos ingredientes importados do seu país.
Pois bem, fui ao Obá ontem e só posso dar uma sugestão: vá logo porque está incrível e só dura até dia 31, domingo.
Comecei com uma ótima frozen margarita (R$ 15,50), apesar de ter ficado de olho grande nos drinques novos, como o corazón de agave (salsão, pepino, mel de agave e tequila 1800 blanco, R$ 19,90). Então, pedi uma das entradas que mais amo no mundo, sério– havia comido ano passado e fiquei 365 dias em abstinência: queso fundido com lingüiça à mexicana curada com chili ancho e guajillo (R$ 29,50). O que vem à mesa é uma travessinha de queijo lindamente derretido, coberto por linguiça toscana e linguiça com erva-doce desfeitas, colocadas no forno com chilis, que saem tingidas de um vermelho intenso e aroma intoxicante. Daí, você pega um pedaço da tortilla caseira quentinha, recheia com essa mistura demoníaca e…. come até se babar. Curti também os tacos dorados, recheados com carne e cobertos por creme azedo, alface e queijo (R$ 16). O pessoal da mesa ao lado estava mandando ver num lindo cebiche confeti (peixe marinado no verde limão, maça, manga, goiaba e rabanetes, com chile habanero, R$ 29,90)– deu vontade, mas meu estômago estava com reserva feita para o meu prato principal, arroz a veracruzana (R$ 49).
Duas bananas da terra docinhas, fritas, cortadas ao meio, sobre as quais se coloca uma quantia generosa de arroz fartamente misturado a pedaços macios e gordos de polvo, largos anéis de lula, mariscos graúdos, vôngoles. O sabor do coentro, na dose exata, faz a mistura crescer em sabor a cada garfada. E eu, claro, coroei o prato com doses generosas de chili habanero. Delicioso.
Meu acompanhante foi de mole (molhos caseiros riquíssimos em texturas e temperos) de tamarindo com peru (R$ 46). A descrição do cardápio não poderia ser mais acertada: “super aveludado e com acidez bem característica”. Como tamarindo é bom, meu Deus! É acompanhado por arroz, frijoles refritos e tortillas para se raspar TODO o mole do prato.
Acabou-se a parte salgada e chegou e alegria geral: as sobremesas. Todo ano eu fico apaixonada por alguma sobremesa do Festival: em 2009 foi o fondant de chocolate com pimenta; em 2010, o pastel de nozes e uva, neste, o que eles chamam de pastel de chocolate.
Sabe o pastel? Esqueça– o termo em espanhol não tem nada a ver com os brasileiros entendem por pastel. Este doce é um tipo de bolo mas com massa que lembra a consistência da de brownie– só que um pouco mais farinhenta– feito com chocolate meio amargo, cacau, pecãs e coco (R$ 16). Doce no ponto certo, esfarela na boca atingindo o céu da boca com a crocância do coco e o sabor intenso, pungente, do bom chocolate. Poderia dormir abraçada a uma bandeja…
Delicioso também a versão mexicana do cheesecake, a pie de queso (R$ 15,50), feita com cottage e servida com lindos morangos em calda de tequila.
Obá: Rua Dr. Melo Alves, Jardins, 20511, tel.: 3086-4774
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