Estamos apenas engatinhando, é verdade, mas é ótimo ver o crescimento do número de visitantes e expositores nos últimos eventos de microcervejarias artesanais no Brasil. Delicioso notar o brilho nos olhos das pessoas que tomam goles de bebidas realmente boas, realmente feitas com paixão e dedicação.
Na Brasil Brau, feira de tecnologia em cerveja, realizada em julho passado em São Paulo, era quase impossível andar pelos corredores lotados de cervejeiros e curiosos, ávidos pelas novidades e sabores que era degustados em copos imensos. Esta semana, na primeira edição do Beer Experience, também em São Paulo, foi bom notar o interesse do público– ainda pequeno, mas notoriamente apaixonado– que preencheu o espaço de eventos do shopping Frei de Caneca e pagou R$ 7, R$ 10, R$ 14 reais por copos e garrafas de excelentes cervejas feitas aqui, no Brasil. E longe de serem aquela coisa amarela, amarga e aguada que, infelizmente, aprendemos a chamar de cerveja…
Mas a coisa está mudando. Microcervejarias do Sul e do Norte, que produziam somente para consumo no local, estão conseguindo distribuidores para o resto do país. Marcas como Bamberg (AVE!) ganham prêmios internacionais– merecidamente– e investem em novos rótulos. Amigos que produziam como hobby passaram a encarar como negócio. Cerveja virou coisa séria e, por isso mesmo, nunca foi tão boa. Tomara que esse mercado exploda.
Nessas andanças, reuni algumas novidades que mecerem, e muito, serem provadas:
* A sensacional linha 3 Lobos, da mineira Backer: todas levam alguma adição de ingrediente especial. A mais que amei foi a Bravo, Imperial Porter, envelhecida em barris de umburana por 30 dias: intensa, poderosa, como sabor da madeira entremeado a cada partícula licorosa e achocolatada do líquido. Leve, refrescante, a ótima Exterminador de Trigo, uma wheat beer, não filtrada, com capim limão. A edição especial ainda conta com a Três Lobos, American Pilsen com açúcar mascavo e a Pele Vermelha, IPA com adição de raspas de laranja. O valor médio de cada garrafa de 355 ml é de cerca de R$ 14.
* As novas Diamantina (bohemian pilsen), Villa Rica (Stout) e Estrada Real Weiss da mineira Falke Bier. Eu tiro o chapéu para Marco Falcone, o cervejeiro da Falke. Com uma estrutura enxutíssima, consegue fazer cervejas excelentes e cheias de personalidade. A Diamantina é uma das melhores pilsen que já provei e a Villa Rica dá vontade de dormir abraçada… A garrafa de 500 ml chega ao consumidor final por cerca de R$ 17.
* Como não conhecia, para mim é novidade: Klein Bier. A cervejaria paranaense começou a ser distribuída em São Paulo agora. Belíssima Stout— cheia de café e torrado intenso– e mais quatro rótulos. Garrada de 500ml cerca de R$ 15.
* Colorado Grão Pará: a consagrada marca lança uma America Brown Ale, com 8% de graduação alcoólica, e adição de castanha do pará. Por enquanto, só na versão chope. Eu tomei e adorei– a castanha marca mais presença na mente que no sabor, que libera mais notas de chocolate amargo e café. Fico devendo o preço.
* Do Pará, chega a São Paulo a Amazon Beer. Apesar de disponibilizarem, em garrafa, pilsen e lager, o que faz mais sucesso é a Bacuri beer, feita com adição da fruta típica da Amazônia. Muita gente estranha o aroma frutadaço, cheiroso ao extremo, mas eu curti: apesar de no nariz ser quase um perfume, na boca é uma mistura de pilsen com weiss, turbinada com o gosto arrebatador da fruta. Interessante, mas não feita para tomar durante a noite toda– a não ser para a mulherada, já que é levíssima e tem apenas 3,8% de álcool.
Então, na próxima happy hour, varie: troque uma geladaça meia-boca por uma cerveja BOA DE VERDADE na temperatura certa. Vai por mim, vale a pena e o preço.
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