Na Cozinha: esse pastel aberto é de pirar de bom. Sério.

O delicioso pastel aberto, recheado com pernil refogado com cebola e pimentões e uma boa colherada de requeijão

Não nos esqueçamos de como comida brasileira é boa, rica, saborosa, variada. Nunca.

Tudo bem termos ótimos restaurantes franceses, italianos, japoneses, mas não dá para preterirmos nossa culinária só porque não é “cool” sair para jantar baião-de-dois– se bem que, nos últimos anos, o justo reconhecimento de chefs como Alex Atala, Rodrigo Oliveira, Mara Salles e Ana Luiza Trajano, aqui e no mundo, tenha ajudado os brasileiros a pararem com essa palhaçada de ter vergonha comer receitas e ingredientes nacionais.

O salão pequetito do Na Cozinha

Um exemplo de casa que resiste bravamente ao estigma “moqueca não é chique”– e fica mais forte com o tempo– é o Na Cozinha, que também funciona como escola de gastronomia. Instalado nos Jardins, um dos bairros mais recheados de restaurantes caros e ditos de alta gastronomia de São Paulo, o Na Cozinha serve comida substanciosa, regional, tradicional, bem melhorada pelo talento do chef Carlos Ribeiro.

Nhoque com galinha de capoeira e quiabo

O minúsculo salão de 24 lugares tem a cozinha integrada, separada apenas por um vidro, o que eu adoro: é muito gostoso acompanhar o processo de confecção do meu prato e o movimento dos cozinheiros em um espaço tão exíguo. Uma vez instalado, comece pelo começo: as entradas. Ou, antes, pelas bebidas: cervejas e ótimas caipirinhas. Gosto bem do Bolinho de feijoada com carne seca e couve (R$ 19) mas enlouqueço, de deixar o caldo escorrer pela mão e tudo, com o Pastel aberto com pernil desfiado e requeijão (R$ 21). A massa é a comum de pastel, vendida na feira. Mas Carlos a encharca de cachaça, o que a deixa mais adocicada e absolutamente crocante. Então, o pernil é refogado com cebola, pimentão, azeite e mais uma gama de temperos que confere a ele um sabor sedoso, suave, que é finalizado com uma boa colherada de requeijão caseiro, espesso, bem mais gostoso que o de mercado. A porção é de 4 unidades, mas eu comeria umas oito sozinha. Para mim, uma das melhores entradas de São Paulo.

Panela do Barreado sendo aberta

O Barreado já servido

Desta vez, de prato principal, fui de Nhoque com molho de galinha de capoeira e quiabo (R$ 39): a carne estava ótima, pena que o nhoque era grande demais e um tiquinho massudo. Em compensação, o Barreado— carne bovina com bacon, tomate, cebola e diversos temperos cozida em panela de barro selada,  acompanhada da arroz, farofa de mandioca e banana (R$ 43)– estava de se fartar. Fiquei bem com vontade de voltar logo e pedir o tão elogioado Picadinho (R$ 37), que já ganhou prêmio e tudo.

Churros com creme de cupuaçu e chocolate

Para a sobremesa, me afoguei num delicioso Cartola (banana prata fatiada, queijo manteiga, canela e açúcar fritos, R$ 14) e peguei vários pedaços dos churros sequinhos acompanhados com chocolate e creme de cupuaçu (R$ 15). Para mim, uma refeição e tanto.

 

Cartola: pode não ser bonito, mas é bom demais

Na Cozinha: Rua Haddock Lobo, 955, Jardins, tel.: 3063 5374

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