Restô 607: boa comida brasileira (e caipirinhas!) em ambiente agradável

Ótimas manjubinhas fritas acompanhadas de maionese artesanal de alho e molho de pimenta

Se tem algo de que sinto falta em São Paulo é de mais lugares acolhedores, não extorsivamente caros, com bons drinques e cozinha simples e competente. Lugares nos quais dá vontade de se esquecer. Lugares agradáveis, que provocam vontade de voltar. O novo Restô 607 é um deles.

Couvert do Restô 607: pães artesanais quentinhos, com manteiga, azeite e flor de sal. Simples e bom (R$ 9/pessoa)

O Restô 607 fica dentro do gracioso hostel boutique Guest 607–  hostels bacanas, modernos e bem localizados são uma tendência fortíssima no mundo todo. Possui poucas mesas, bela decoração vibrante e clima de casa. Completo clima de casa. Quem comanda a cozinha é o paulistano Gustavo Rodrigues, vindo de uma temporada de dois anos nos restaurantes Remanso do Peixe Remanso do Bosque, em Belém do Pará, referências da moderna cozinha brasileira (os irmãos Castanho, chefs dos Remansos, são apadrinhados profissionais de Alex Atala, que não poupa elogios ao trabalho da dupla no tocante a pesquisa e uso de ingredientes amazônicos).

Salão pequeno e fofo do Restô 607; robalo no forno com abóbora assada e purê de pupunha

O cardápio conciso oferece excelentes petiscos como as super crocantes manjubinhas fritas acompanhadas de leve maionese artesanal de alho e molho de pimenta (R$ 16) e a farta porção de bem feitos e fritos bolinhos de charque com queijo coalho (R$ 17, RECEITA AQUI). Aí, o golpe de mestre: o menu de drinques foi elaborado pelo competentíssimo barman Rafael Pizanti, egresso do Copacabana Palace e hoje a frente de todos os bares das casas do Grupo Egeu (Girarrosto, Kaa, Italy, entre outros).

Uma das ótimas caipirinhas da casa: cachaça envelhecida com infusão de erva mate, maracujá e limão tahiti

Golpe de mestre porque não há combinação mais viciantemente brasileira do que bons petiscos e boas caipirinhas. Excelentes, neste caso. Prove a refrescante e tropical versão feita com cachaça envelhecida com infusão de erva mate, maracujá, limão tahiti e xarope de açúcar (R$ 16) e a de cachaça, limão galego e tahiti, xarope de açúcar e licor de laranja (R$ 16). Entre os drinques exclusivos, perfeito para aplacar o calorão a acidez e citricidade provenientes da combinação de gin, suco de grapefruit, Licor 43 e Aperol (R$ 19).

Bolinhos de charque com queijo coalho, acompanhados de maionese artesanal de alho

Entre os principais, me agradou bastante a leveza da massa feita na casa e recehada com saborosa carne de porco desfiada, coberta por molho de manteiga queimada, tomate cereja, ervas e queijo fresco (R$ 39). Harmoniosa a combinação da leve acidez do purê de palmito pupunha, do dulçor da abóbora japonesa assada e a maciez da posta assada de robalo (R$ 52, RECEITA AQUI); o único probleminha foi o excesso de tempo de forno que torrou um tantinho mais do que o recomendado algumas partes do pescado). Pretendo voltar loguinho para provar o arroz de galinha na panela R$ 42) e o filé mignon com mandioca cozida na manteiga, arroz de ervas e farofa de castanha de cajú (R$ 46). De segunda à sexta, o menu executivo custa R$ 34 (2 opções de entrada, 4 de principais e 2 de sobremesas).

Massa fresca feita na casa, recheada com saborosa carne de porco, ao molho de manteiga queimadaa com tomate cereja e queijo fresco

Aparentemente boba, a sobremesa composta por creme de chocolate belga com pedaços de graviola geladinha e raspas de cumaru (R$ 18), chamada de baunilha brasileira, me surpreendeu por misturar com talento e equilíbrio sabores aparentemente tão díspares. Outras sugestões são a trilogia de doce de leite, caju e queijo (R$ 17) e a cocada de colher com castanha do pará (R$ 14).

Parece bobo, mas esse creme é delicioso: chocolate, graviola geladinha e raspas de cumaru

Restô 607: R. João Moura, 607, Pinheiros, tel.: 2619-6001.

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