Steak Tartar clássico, feito de miolo de alcatra, acompanhado de fritas: o rei da casa
Quando soube que Erick Jacquin- um dos chefs franceses mais famosos do Brasil e co-proprietário do aclamado La Brasserie (fechado)- abriria um restaurante dedicado ao tartar, sinceramente pensei ser um pouco de loucura. Por que não conheço tanta gente assim que ame a especialidade a ponto frequentar uma casa dedicada a ela – isso sem falar naqueles que tem medinho de comer carne crua e fazem terror sempre que encontram uma oportunidade. Pensei: “Tiro no pé, mesmo com o nome do Jacquin envolvido”. Mas parece que me enganei. Bastante.
“Shots” de tartare de tartar de salmão com espuma de moqueca e de atum com mousse de coco
O Tartar&Co. abriunuma esquina da Av. Pedroso de Moraes na qual funcionava uma loja de lingerie. Nas minhas duas visitas, estava lotado. O salão é claro, com teto retrátil; os clientes espalham-se por pequenas mesas redondas de fórmica vermelha e cadeiras de madeira escura; a água filtrada é servida como cortesia. Como dá pra notar, estilo bem mais informal que o do La Brasserie. E era essa mesma a intenção, somada a outra: preços acessíveis. Por que, afinal, não é sempre que se sai para gastar R$ 350 por cabeça em uma refeição. No Tartar&Co. a média de gasto (entrada, prato, sobremesa) por pessoa gira em torno de R$ 95.
Tartar de atum com abacate e melancia: mistura inusitada de bons resultados
A estrela da casa aparece em três versões: carne de boi, atum e salmão. O que muda é a forma e o acompanhamento. A carne vermelha, por exemplo – miolo de alcatra com picles de pepino, cebola e pouquíssimo tempero, deixando evidente o sabor da proteína, de evidente qualidade e frescor – aparece na versão tradicional, acompanhada de fritas (R$ 40); no sanduíche feito no pão francês que também leva tomate e alface e é servido no pão francês (R$ 33); selada e à cavalo (com ovo, R$ 43); na deliciosa porção de mini pastéis cuja massa é frita, aberta em duas e então recheada (R$ 25).
Russian Tartar: vodca, vermouth e frutas tropicais (R$ 22)
Além do pastel, curti bem outros dois petiscos, os Shots de salmão tartar com espuma de moqueca e de atum tartar com mousse de coco (R$ 10, cada). O sabor encorpado da moqueca uniu-se lindamente com o frescor do salmão; idem para o adocicado do coco com o atum.
Delicioso! Pastel de steak tartare
Para compartilhar, a tartine de salmão (R$ 25, mesmo preço do de carne) é montada sobre pão integral de boa qualidade, levemente morno; há ainda a opção de atum com foie gras (R$ 50). Por falar em foie gras, esse ingrediente tão caro a Jacquin aparece apenas em outro momento, no tartar de atum e foie finalizado com molho tarê (R$ 58, acompanhada salada verde).
Tartine de tartar de salmão
Mas o atum que mais gostei andava bem longe de fígados e outros miúdos. Muito mais tropical, refrescante, o tartar de atum veio coberto por pedaços de abacate , ladeado por triângulos de melancia e finalizado com azeite de oliva e limão siciliano (R$ 50): combinação exótica, adocicada, sedosa, cítrica.
Um dos poucos pratos quentes do restaurante: entrecote au poivre com gateau de batata
Apesar de ser dedicado ao cru, existem algumas opções quentes como o Filé mignon com palmito grelhado e molho a escolha (R$ 47), risotos como o de tartar de salmão (R$ 43), Atum malpassado ao molho de pimenta (R$ 48), entre outros. Provei o Entrecote grelhado com gateau de batata e molhos béarnaise/poivre ou mostarda (R$ 46): batatas deliciosas e carne dura e seca…. Pedi pra trocar e fui prontamente atendida. A segunda tentativa estava melhor- carne mais vermelha e macia-, mas longe dos melhores entrecotes que comi.
Para acompanhar, a coquetelaria da casa oferece gama boa de opções que incluem bem feitos clássicos como o Manhattan (R$ 25) e criações como o Russian Tartar, feito de vodca, vermouth e frutas tropicais picadas, cujo sabor só é presente nos últimos goles (R$ 25).
“Tartar” de profiterole misturado a sorvete de creme e calda quente de chocolate
Sobremesas são poucas: Petit gateau com sorvete de baunilha (R$ 14), sopa de frutas vermelhas com tartar de frutas (R$ 22) e tartar de profiterole (R$ 21), que não passa de sorvete de creme misturado a lascas de massa de profiterole e coberto com calda de chocolate.
Em suma: crus bem feitos, ótimas matérias-primas. Mas senti falta de opções menos triviais, que fujam do trio salmão-boi-atum (lembro que o melhor tartar que comi até hoje foi de veado, preparado no restaurante Pollen, em Cingapura). Já que a casa é dedicada a uma especialidade, não seria nada mal ter mais variedade.
Tratar & Co.: Av. Pedroso de Morais, 1.003, Pinheiros, tel.: 3031-1020. Abre as segundas.
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Se tiver curiosidade, aqui está o vídeo institucional do restaurante
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