Eu precisava descansar. Quando digo “descansar” me refiro a não fazer NADA. Lagartear. Mexer somente os dedos das mãos para chamar o garçom e pedir mais um drinque. Usar as pernas apenas para ir ao spa receber massagens. Este tipo de relaxamento, sabe? Então decidi ir a ilha de (Koh) Samui, na Tailândia. Mais especificamente ao Napasai.
Há basicamente dois tipos de turistas em Samui: mochileiros em busca de muita festa e bebida barata – a ilha, a segunda mais visitada na Tailândia (especialmente por russos e chineses), tem praias cheias, repletas de baladas e casas da luz vermelha – e pessoas que, como eu, já passaram dos trinta e querem mais é paz, praias desertas, boa comida, serviço de primeira. Mordomia, mesmo.
O Napasai, que faz parte da rede de hotéis Orient Express, é um resort pra gente grande: silêncio bendito, serviço absurdamente impecável, poucas crianças, café da manhã delicioso e variado (pratos ocidentais, muitas frutas, pães, dim sums…), nada de tobogãs ou música “anime-se/você/está/de/férias!” tocando na piscina. Em vez disso, há yoga para pequenos grupos logo cedo, massagens à beira do mar, praia particular de mar transparente, espreguiçadeiras na areia sob coqueiros altíssimos, ótimos drinques, quartos imensos e de extremo bom gosto. Para mim, algo bem perto do paraíso pessoal.
A primeira coisa que salta aos olhos quando se chega ao Napasai é a piscina de fundo infinito debruçada sobre o mar: a vontade é de largar as malas na recepção e pular, de roupa e tudo, nela. Mas ir com calma compensa… Compensa entrar no quarto e, todos os dias, ter uma cesta de frutas típicas esperando por você. Compensa voltar do jantar, sempre, e ter sua cama decorada com flores. Compensa sorver lentamente o drinque feito com rum infusionado com abacaxi, rum infusionado com limão, suco de limão e licor de limão enquanto se ouve o canto das dezenas de pássaros. Ah, compensa!
Como é vital para mim conhecer o entorno de onde estou (e ODEIO cair em roubada), acabei sendo agraciada com dicas bem interessantes, baratas, divertidas. E, especialmente, com boa comida, algo importantíssimo e sem o qual a viagem não faz sentido. Por exemplo, o belo Johm Thong, a caminho do aeroporto da ilha, área nada turística (Nathon).
Mesas na areia, brisa do mar como ar-condicionado, cerveja local gelada (Shinga), peixes fresquíssimos preparados à moda tailandesa (com pastas apimentadas), conta que parece uma piada para os padrões paulistanos: em duas pessoas, comendo red snappers inteiros, acompanhados de salada de papaia verde, crab cakes, sobremesa (banana quente em leite de coco gelado) e três cervejas, pagamos o equivalente a R$ 60. Endereço: Johm Thong Restaurant, Ban Bangmahham, Nathon, tel.: 081 9684542.
Addy Restaurant and Cooking School: taí um lugar que ganhou meu coração. Um entre dezenas de lugares espalhados pela rua principal da popular Bophut, o Addy pode parecer suspeito e não muito confiável com sua cozinha aberta, cachorros passeando pelo salão, gato comendo no balcão, papel higiênico usado como guardanapo, serviço simpático e leeeeeeento.
Mas, olha, desencana, porque a comida é daquelas que nos fazem lembrar porque é tão bom viajar: verdadeira, fresca, vibrante e ridiculamente barata. Comemos um bom pad thai, excelente fried rice com camarões e um inesquecível glass noodle, preparado em panela de cerâmica, com molho de soja, cogumelos locais, galangal e camarões. A refeição com todos esses pratos e algumas cervejas girou em torno de R$ 40. Endereço: Addy Restaurant and Cooking School, 105/5 M001, Tambol, Bophut, tel.: 084 7591343.
Outro destino divertido e bom pacas para comer são as feiras noturnas de rua de Maenam (quintas) e Bophut (sextas). Elas começam as 17hs e vão até 0hs, mas chegue cedo porque a comida acaba logão. Indico de todo o coração o melhor pad thai da minha estada na Tailândia, preparado na hora e repleto de ingredientes à disposição para se temperar quanto mais quiser. O preço? Cerca de R$ 3!
Há também imensos camarões empanados em Panko e coco (acompanhados de geleia de pimentea), noodles com orelha de porco, noodles com frango, noodles com camarão, noodles com tudo isso, fried rice, costelinha de porco ao curry, fishballs grelhadas no carvão… Uma alegria só.
E logo atravessando a rua da feira de Maenam, fica um trailer de noodles no qual não se vê um só turista mas vive cheio de locais. Cheio mesmo. As várias mesinhas ao lado quase nunca tem lugares disponíveis. Depois de comer lá descobri a razão de tanto sucesso: a melhor noodle soup que comi na vida. Sério, coisa de louco. Caldo encorpado, lindamente temperado, brotos de feijão crocantes, pedaços fartos de carne, majericão tailândes fresquíssimo e… R$ 1. UM REAL. U M R E A L.
Duas coisas que jamais esquecerei sobre minha estada em Samui: o vidão de rainha da Tailândia que tive no Napasai e a tremenda comida de rua da ilha. Espectros opostos de uma só experiência. Revigorante e relaxante experiência.
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