São Paulo virou o destino do momento para redes de restaurantes gringas voltadas para o público AAA. Ano passado chegaram por aqui a Brasserie des Arts e o Bistrot Bagatelle; agora, instalou-se na rua mais “exclusiva” dos Jardins, a Vittorio Fasano, o Le Bilboquet, filial da casa novaioquinha (com uma unidade em Dallas).
Assim como as outras do gênero, ali não é o lugar para se esperar grande brilhantismo da cozinha: não chega a ser segredo que esses endereços prestam-se muito mais a demorados almoços/bate-papos de senhoras vestidas com Prada e para o combo ‘carpaccio/coquetel pré-balada’ de amigos endinheirados. Mas, justiça seja feita, o Le Bilboquet é o que se sai melhor, gastronomicamente falando.
O empreendimento, cujo um dos sócios é o distinto playboy Rico Mansur, tem como chef executivo Julien Mercier, francês radicado no Brasil. O menu é praticamente o mesmo da matriz: pequeno, simples. Bem cardápio de bistrô. Por não ser um cardápio trabalhado pela primeira vez, foi uma surpresa notar a desproporção de quantidade entre as duas entradas pedidas. Enquanto as saborosas Lulas salteadas com tomates e abobrinha (R$ 28) descansavam em porção diminuta, a potente Salada de lentilhas Du Puy com (muito!) bacon, cenoura e salsão e molho de mostarda Dijon, tomates, endívias e salada verde (R$ 28) foi tão bem servida que quase dispensou o prato principal. Outras opções: Terrine de foie gras com geleia de vinho do porto e brioche (R$ 63) e sopa do dia (R$ 22).
A ampla carta de drinques foi criada pelo experiente barman Marcelo Vasconcellos. Conheci seu trabalho, e gostei, durante o breve período em que esteve a frente do bar do Dalva e Dito. Depois, no início do Clos de Tapas, criou coquetéis equilibrados, frescos. No Tutto Italiano voltou-se mais para a coquetelaria clássica e também saiu-se bem. Então foi bem decepcionante provar drinques tão fracos e sem vida no Le Bilboquet – no dia, preparados por um profissional de sua equipe.
O Unfiltered Lemongrass tem todos os ingredientes para se tornar um coquetel refrescante e limpo (vodca infusionada com capim limão, suco de maçã verde, suco de capim limão, óleo de saccharum – feito com imersão do ingredientes em açúcar – de gengibre e bitter de grapefruit e maracujá, R$ 29) mas sentia-se apenas o sabor da imensa rodela de casca de laranja colocada no líquido. NADA de gengibre, maçã verde ou maracujá.
Já o Balsamic Bramble, preparado com Gin Bombay, Chambord Black Raspberry, mix cítrico e redução de aceto balsâmico com framboesa (R$ 27) mostrou-se excessivamente amargo e sem nenhum traço de frutas vermelhas. O gin, sumiu. Quem sabe valha um retorno e mais pedidos…
Entre os pratos principais mais vendidos está o bem condimentado Steak Tartar (R$ 45), com uso farto de pimenta do reino e picles de pepino. Para ninguém ficar triste, vem acompanhado de fritas, torradas e salada. Se você, como eu, estanhar o pedaço de anchova pousado sobre a carne, fique tranquilo: parece que o peixe era um ingrediente bem tradicional na receita, em idos tempos.
O clássico magret de pato aparece ali grelhado e escoltado por polenta cremosa e molho de pimenta verde (R$ 45). Há também Salmão grelhado com ratatouille (R$ 45) e Peito de frango orgânico envolto com especiarias cajun, folhas frescas, batatas fritas e beurre blanc (R$ 42).
O melhor da refeição foi a ótima mousse de chocolates amargo e ao leite AMMA (R$ 16). Agradável também a tarte tatin, feitas com fatias finas de maçã (parecendo uma tortilla de batata) e servida com sorvete de baunilha (R$ 16).
Le Bilboquet: Rua Vittorio Fasano, 49, Jardins, tel.: 2615-1510
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