Fato: a inflação voltou. Notamos seu nada desejado retorno nas contas do supermercado, nos preços das roupas, nas visitas a restaurantes. Este último item, aliás, é o que mais tem alarmado os paulistanos: para a grande maioria, está ficando proibitivo sair para jantar mais do que uma ou duas vezes por semana. Por isso, mais do que nunca, é necessário conhecer lugares que se tornem uma alternativa suave para o bolso, sem abrir mão de comida boa. Existem? Poucos, mas existem. Um deles é o Jiquitaia.
Aberto há um ano e meio, a casa comandada pelo chef Marcelo Bastos tem pegada brasileira- o nome, Jiquitaia, vem do tupi e quer dizer “pimenta-malagueta seca e reduzida a pó”, que, aliás, pode ser encontrada em todas as mesas, em um pequeno e delicado saleiro- com utilização de ingredientes sazonais de qualidade. Durante o dia, o ótimo menu executivo sai por R$ 39. A noite, entrada e prato principal, R$ 60.
Vira e mexe estou lá: gosto muito da comida simples, bem feita, bem temperada, cheirosa. Na minha última visita comecei com uma cremosa Sopa de batata doce com couve e calabresa (R$ 13, fora do menu executivo), engatei num farto, saboroso e carnudo Arroz de suã (R$ 25, fora do menu; suã é a carne e a cartilagem retiradas da vértebra inferior do lombo do porco) e terminei com minha perdição, Goiabada pedaçuda e cremosa com creme de queijo (R$ 8,50, fora do menu).
Do pequeno menu, que muda diariamente e oferece cerca de 7 opções entre entradas e pratos principais, meu amigo escolheu a mesma sopa que eu, a bem feitíssima Tainha grelhada com farofa de camarão e arroz branco (R$ 30, fora do menu executivo) e um brilhante, molinho e obscenamente lindo Brigadeiro de colher com farofa de pé de moleque (R$ 8,50, fora do menu). A mulherada da mesa ao lado estava à beira de um chocorgasmo.
Os pratos disponíveis nos dias anteriores foram Moqueca baiana, Cozido de língua, Pargo ensopado com banana da terra, Rabada com purê de batata e agrião, Carapau com salada de arroz negro, Costelinha de porco com mandioca, Cabrito com pirão de leite, Bife acebolado com farofa de banana e Penne com espinafre e cogumelos. Para quem gosta (eu!), é possível acompanhar a refeição com alguns dos 50 rótulos de cachaça artesanal disponíveis na casa.
A noite, o restaurante fica bem menos cheio e o cardápio, mais elaborado. Prove o delicioso peito de pato com arroz de pato no tucupi, a Costelinha de porco com barbecue de tamarindo e se acabe na Mousse de chocolate com creme de cupuaçu (R$ 8,50).
Quanto mais ando por essa cidade e pago R$ 25 reais por um bolo solado chamado de pudim ou R$ 65 por tartar de atum bobíssimo, mais valorizo lugares como o Jiquitaia, nos quais a boa comida, aquela que alimenta e reconforta, é a verdadeira estrela.
Jiquitaia: R. Antonio Carlos, 268, Consolação, tel.: 3262-2366
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