Com as dimensões gigantescas da cidade de São Paulo + trânsito insano + motoboys malucos + choveu-tudo-para, fica difícil circular. Beira a demência tentar almoçar ou jantar em restaurantes que estejam a mais de 7 quilômetros de casa ou do trabalho: o tempo que se gasta no trajeto, junto com o ódio no coração que engarrafamentos causam, azedam completamente qualquer cidadão antes mesmo de ingerir uma mísera garfada de arroz.
É importante que itens de qualidade ganhem mais cantos da capital, não limitando-se a Vila Madalena, Jardins, Itaim, Pinheiros, Perdizes e adjacências. É importante que o bom se espalhe.
Há que se ter democracia gastronômica em São Paulo; criar possibilidades para as pessoas conhecerem bons produtos sem precisarem cruzar a cidade.
Por isso gostei da Cateto Comer e Beber Artesanal: eles levam jóias da gastronomia brasileira para um bairro tradicional porém esvaziado de opções: a Mooca.
Criado por amigos publicitários (Alessandra Souza, Eduardo Brandão e Márcio Tirico), a Cateto Comer e Beber Artesanal é um minúsculo empório/bar com cara de velho oeste americano – e trilha sonora – que serve tábuas de frios, queijos, sanduíches e cervejas. A diferença é que os frios são da excelente Pirineus; os queijos, 100% brasileiros, vem da A Queijaria; as compotas e pastas são da Carciofi, rotisserie/produtora de iguarias como a deliciosa tapenade preta; as cervejas, de microcervejarias artesanais; os pães, de Rogerio Shimura.
O estabelecimento não seria nada especial no circuito mais “gourmetizado” de São Paulo, mas é um sopro de ar fresco nas vizinhanças de onde se instalou. Não existe outro local por ali em que seja possível comer um bem feito Sanduba de copa curada, queijo Campo Redondo e rúcula no pão semi-italiano (R$ 25) ou mandar uma Tábua mista (R$ 70), de queijos (R$ 30) e de embutidos (R$ 25) enquanto se toma a refrescantíssima Saison à Trois, parceria da 2 Cabeças com a Invicta. Aliás, por falar em tábuas, coma a sobresada da Pirineus: cítrica, cremosa, bem condimentada. Diliça total.
Os queijos nacionais ganham um lugar de destaque no menu tão enxuto quanto o espaço físico: Flor de Mandacaru, de Pernambuco (R$ 36, a peça), os mineiros Serra da Canastra (R$ 11,50 cada 100 gramas), Campo Redondo (R$ 9,70, 100 gramas), Salitre (R$ 6,90, 100 gramas), Garnizé (R$ 40, peça) e os feitos em Joanópolis, no interior de São Paulo, pelo Capril do Bosque, Azul do Bosque e Pirâmide (R$ 40 cada, a peça). Vale conhecê-los todos. Mesmo.
Os rótulos de cervejas incluem as Madalena Weiss, Stout e Pilsen (R$ 15, cada), a Urbana Gordelícia (R$ 15), a Wals 42 (R$ 26), a série 3 Lobos (média de R$ 16, cada) e a O Bardo e o Banjo (R$ 18). Bom momento para dizer como ODEIO que me sirvam bebida em potes – sim, aconteceu ali. Pode ser cool, pode ser a proposta, pode ser o que for, mas pra mim é o fim da picada. Ainda bem que tinham um copo de verdade para que eu pudesse tomar minha cerveja sem babar por entre as saliências da borda grossa do pote de conserva.
Como não existe cozinha, apenas um balcão de montagem, a única coisa preparada pelos sócios, na casa de um deles, é o gostoso brownie de cacau com calda de Colorado Demoiselle (R$ 15).
Tomara que a Cateto tenha vida longa. E copos!
Cateto Comer e Beber Artesanal: Rua Fernando Falcão, 810, Mooca, tel.: 2367-7521
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