Ano retrasado, quando passei 10 dias em Lima com o intuito de conhecer um pouco sobre a culinária peruana, notei duas diferenças gritantes entre os nossos ceviches e os deles: a qualidade absurdamente superior dos peixes e frutos do mar (dizem ser por conta das águas frias do Pacífico) e a baixa acidez.
Não sei dizer se é pelo tipo de limão, pela quantidade, pelo tempo da marinada, mas o fato é que o produto final é mais harmonioso e agradável do que 99% dos que encontramos em São Paulo. Então, comendo os ceviches do novo Huaco, finalmente encontrei o mesmo tipo de sabor dos de Lima. E, olha, eu acho bem mais interessante.
Primeiro porque é possível notar melhor o gosto do peixe e das diversas versões de leche de tigre (suco proveniente da mescla dos ingredientes do ceviche) e, em alguns casos, dos cremosos de pimentas peruanas. Hoje, é um dos meus favoritos na cidade.
São 8 variedades, como o Clássico (peixe branco no leche de tigre, R$ 29), Misto (o clássico adicionado de polvo, lula e camarão, R$ 35), Ají amarillo (peixe branco com molho da pimenta ají amarillo, R$ 33), Rocoto (peixe branco, lula, polvo e camarão com molho da pimenta rocoto, R$ 37). Os peixes são frescos, cortados da maneira certa – sem aquelas fibras que entram no vão nos dentes – e temperados com primor.
Recomendo super a Fuente Fria (R$ 69), degustação de ceviches para duas pessoas que inclui o Al Parmesano, 4 Ajíes, Carretiliero e Al Olivo, além de uma fresca causa de siri
Meu ají predileto, o rocoto, vem cremoso envolvendo peixe branco, lula, polvo e camarão no El Caretiliero; o El Parmesano parece estranhaço no início, visto que não é muito comum comermos peixes brancos com creme de parmesão, mas a leche de tigre de vieiras faz toda a diferença e o balanço certo; o El Olivo, de polvo, traz leche de tigre de azeitonas pretas; o de quatro pimentas não é picante como soa.
A porção individual deles sai por R$ 38 (Al Parmesano e Al Olivo), R$ 37 (4 Ajíes) e R$ 42, o El Carretiliero, acompanhado por lula à dorê e causa.
Os coquetéis também são um forte no Huaco. Apesar de não serem nada baratos, são bem feitos. O bom é que em alguns dias, rola o Festival do Pisco, no qual consumindo dois, o cliente ganha o terceiro.
Comece com o tradicional Pisco sour (R$ 18), emende no Mandarina sour (pisco, mexerica, suco de limão, açúcar e clara, R$ 18) ou no Chilcano Sour (pisco, gengibre, suco de limão, açúcar, clara e angostura, R$ 18). Quem sabe um Ayahuasca Sour (pisco, absinto, uvas verdes, suco de limão, açúcar e clara, R$ 18) ou um Chicha Sour (pisco, chicha morada- suco de milho roxo -, suco de abacaxi, açúcar e clara, R$ 18)? Agora, bem que podiam comprar um liquidificador com abafador de ruído, porque tomar susto cada vez que alguém pede uma bebida não é muito legal…
Para saber mais sobre o destilado número um do Peru, clique AQUI.
Se quiser algo mais desafiador, vá de Chilcano Curandeiro (R$ 20): em copo alto, são misturados bastante gelo, pisco, suco de limão, xarope de folhas de coca e, como decoração, arruda. O primeiro gole causa um certo arrepio – o aroma fortíssimo de arruda invade até o cerebelo. No segundo já parece bom. No terceiro, você pede outro.
O menu da casa do peruano Roberto Zapata foi criado, e é executado, pelo chef Christian Bàscones (também peruano), ex- Chifa Wok. E nele não há só frios. Aliás, os pratos quentes são bem bons, caso do Tacu-Tacu – mistura prensada de arroz e feijão – com peixe, lula, camarão e polvo em intenso molho de mariscos e pimentas peruanas (R$ 45) e do Polvo anticuchero (inteiro cozido e grelhado, servido com molho a base de vinagre, ají panca e orégano, R$ 65).
Do que comi, apenas dois itens não valeram: a entrada chamada de Taquenhos de queijo – pequenos pastéis recheados de queijo curado – que apesar de gostosinha não justifica o gasto de R$ 22 e o Suspiro Limeño Huaco – creme de limão com calda de frutas vermelhas e um nada de suspiro macerado, R$ 14- , tão dooooooooooooce que seca a garganta.
Huaco: Rua Fradique Coutinho, 832, Vila Madalena, tel.: 3969-3893
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