Oui
Para mim, a melhor novidade de 2014 em São Paulo. Com menu autoral e de influência francesa, Caio Ottoboni cria receitas (aparentemente) simples e (lindamente) harmônicas, executadas de maneira impecável, com criatividade bem empregada e uso louvável de elementos ácidos.
Caio trabalhou sete anos ao lado do chef Erick Jacquin, hoje também apresentador de tv no programa MasterChef, da Band. Em 2013, com o fechamento do La Brasserie, passou duas temporadas em cozinhas de grandes restaurantes em Paris. Para nossa sorte, voltou ao Brasil.
O cardápio varia semanalmente, mas você pode topar com belezinhas como o perfeito zabaione de mostarda Dijon que escolta a entrada composta por mandioquinha assada, agrião e gergelim preto (R$ 17). Também delicado é o vinagrete cremoso de mostarda que banha alho poró assado, ovo mollet e pequenos pedaços de bacon que emprestam sua crocância (R$ 17). Reze para ter, na sobremesa (R$ 16), o sorbet de cenoura sobre financier e mousse de chocolate…
Uma pequena joia com menu executivo a R$ 49,90. Imperdível.
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Micaela
O Micaela tem o tipo de menu cuja a leitura, pra mim, já causa salivação. Pratos brasileiros – alguns de Minas e interior de São Paulo, outros do Pará – com pequenas influências espanholas em molhos e detalhes da composição.
A cozinha do chef Fábio Viera (com passagem pelo Hofmann de Barcelona, detentor de uma estrela no Guia Michelin), mostra personalidade, delicadeza, técnica impecável e sabores brasileiros tão bem executados como há tempos não via. Minha refeição começou com os viciantes e adocicados bolinhos de mandioquinha com piracuí (farinha de peixes amazônicos) e molho picón, a base de pimentão e pimenta (R$ 23). Um dos meus favoritos também são o Raviólis de queijo cabacinha, acompanhado por salada de rúcula selvagem (R$ 28). No lugar da massa, fina fatia grelhada do queijo salgadinho que envolve o potente recheio de hortaliças, ervas e olivada.
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Loi Ristorantino
Salvatore (o Loi) em sua melhor forma, desenvolto em sua cozinha autoral, trabalhando com tranquilidade e talento gritante, especialmente evidente em suas delicadíssimas massas. O restaurante é clássico, elegante, chique na melhor acepção do termo (ou seja, sem afetação nem novoriquismo). Os preços não são baixos, como pode se supor pela escolha de matérias primas de primeira, serviço atentíssimo, guardanapos de linho, etc., mas valem cada centavo de real. Mesmo.
Um dos carros-chefe é o espetacular ravióli de carbonara é uma releitura do clássico italiano. Pelas mãos de Salvatore, os raviólis são recheados por Grana Padano e gemas e vem delicadamente cobertos por molho translúcido de limão siciliano e pequenos pedaços de pancetta (R$ 63). Saia da zona de conforto e morra de amores pelo Robalo morno, consomê de baunilha e açafrão e cabelo de anjo. Imperdível a fregola sarda (massa típica da Sardenha) e frutos do mar com vieiras envoltas em prosciutto crocante (R$ 69).
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Modi
A ordem entre os restaurantes de São Paulo é adaptar-se e baixar os preços para não morrer – por isso começaram a aparecer alguns com boníssima comida, preços mais amenos, salão e serviço simplificados, ingredientes menos “nobres” com resultados excelentes. Adepto desta é o MoDi, que em breve abrirá segunda unidade no Shopping Pátio Higienópolis.
Nota-se a preocupação com os detalhes como a produção artesanal da macia focaccia do courvet (R$ 5), e a tábua de embutidos (R$ 31) com delicados itens produzidos numa parceria do chef com uma especialista em São Bento do Sapucaí e curados no próprio restaurante. Faz tempo que não comia um Bavette com vôngole ao vinho branco tão farto, saboroso e bem feito (R$ 33). A massa – ponto perfeito- vem misturada também a finas fatias de abobrinha e toque ideal de peperoncino.
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Picchi
O chef Pier Paolo Picchi voltou a servir sua cozinha clássica italiana, com pitadas autorais, de ótima execução. Excelente, macio – porém sem desmanchar sob o calor do molho-, o Gnocchi leva batata Asterix assada, em vez de cozida, funghi porcini fresco e queijo de ovelha meia cura (R$ 56). Daqueles de bater palmas pela textura e cozimentos magistrais. Já é um dos meus nhoques favoritos.
Prato que acompanha Pier Paolo, e que gosto bastante, continua ali: Pici – massa artesanal típica da Toscana – com molho de linguiça calabresa, feijão branco e peperoncino (R$ 41). Massa artesanal, mas esta vinda da Sardenha, a fregola, escolta o Ossobuco alla ao açafrão e funghi (R$ 57). Mas se você quer comer carne suculenta, daquelas de encher a boca d’água só de olhar, vá de Tagliata de filé com espinafre, radicchio e escarolas refogados (R$ 58). Não perca o Tiramisu Picchi (R$ 23).
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La Guapa
A casa de empanadas da televisiva chef Paola Carosella não pode ser chamada de restaurante – está mais para uma lanchonete. E daí? O negócio é: empanada é coisa séria. Quem acha que é apenas um tipo de “pastel argentino” não só está errado como comete quase um sacrilégio. Há uma série de técnicas e regras para fazer a empanada perfeita, de massa fina, untuosa, algo entre macia e crocante. Para isso, um dos maiores “segredos” é usar banha de porco. Não manteiga, muito menos gordura hidrogenada – apenas banha de porco.
Entre as variedades, saltenã (não confundir com a salteña boliviana, que possui massa e formato diferente! Esta leva carne, azeitonas, ovo caipira e batata cozida), Humita (milho verde, manjericão e queijo), Frango caipira (com legumes e ervas) e Pucacapas (queijo derretido com cebolas caramelizadas), Amarritos (enroladinhos de queijo, presunto e alecrim).
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Comedoria Gonzales
A Comedoria Gonzales funciona dentro do Mercado de Pinheiros, nos mesmos horários dele (segunda à sábado, das 11h/18h, sem interrupções). Foi idealizada e é tocada por Checho Gonzales, que hoje faz os melhores ceviches da cidade.
Informal, ali não existem garçons: você pede no caixa, senta nas cadeiras defronte ao balcão e come. Ali também não há frescura: os pratos, copos e talheres são descartáveis, e é de bom tom jogá-los no lixo depois de comer. Mas ali, acima de tudo, oferece algo raro na cidade: excelente comida por preços baixíssimos.
Checho oferece cardápio modular, sendo possível optar entre peixe do dia (R$ 15) ou frutos do mar (R$ 18, com ótimos vôngoles e camarão) e escolher a marinada. São quatro: Suco de manga(manga, suco de limão, cebola roxa, tomate, pimenta dedo de moça, coentro, hortelã, aroeira e sagu de coco); suco de tomate (tomate, suco de limão, cebola roxa, tomate, pimenta dedo de moça, coentro, milho cozido com erva doce); açaí (açaí, suco de limão, cebola roxa, tomate, pimenta dedo de moça, coentro, castanha de caju e farinha d’água); leite de amêndoas (leite de amêndoas, suco de limão, cebola roxa, tomate, pimenta dedo de moça, hortelã, uvas).
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Tuju
O chef é herdeiro do Grupo Ráscal; estagiou no Maní, estudou em Barcelona (escola Hofmann) e passou pelas cozinhas do El Celler de Can Rocca, Mugaritz e Ryugin, em Tóquio; o restaurante, imenso, foi praticamente construído do zero e consumiu centenas de milhares de reais; todos as verduras servidas vem da horta montada na parte de cima da casa, além de um canteiro na frente do restaurante. Mas… e a cozinha? Fica evidente o talento de Ivan no menu que explora ingredientes brasileiros de forma autoral.
Entre as entradas, outro acerto é o fresco tartar que leva maionese caseira, picles de pepino, alcaparra, molho inglês e tabasco e vem acompanhado por marmelada de limão siciliano e sorvete de mostarda (R$ 32).
As sobremesas são um dos pontos altos – e bem altos – do Tuju. O chef patissier Rafael Protti passou 10 anos na França, muitos deles trabalhando para Joël Robuchon e Pierre Hermé, e voltou ao Brasil especialmente para este projeto.
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Z Deli Sandwich Shop
A lanchonete ganhou, em 2014, praticamente todos os prêmios da mídia especializada. Pudera: excelentes hambúrgueres como o Joint(burger, cheddar inglês, tomate, cebola, picles de pepino e alface, R$ 25) e o Black (burger, molho roti e tutano, R$ 28) – e preciosidades como o Wurst, que traz macio pão de cebola, embutido bovino artesanal em fatias finas, picles de pepino, queijo prato e mostarda da casa (R$ 26). Ah, sim, o pastrami artesanal recheando o pão de centeio e na companhia de mostarda e picles (R$ 26).
Prepare-se para encarar longas filas: quase nunca você verá o lugar sem uma.
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Sanpo
Atualizado em 22/1/2015: o chef Uilian Goya não está mais na casa e o restaurante permanece fechado para reestruturação
“Não tem sushi, não tem combinado, não tem rodízio!”. O alerta está ainda do lado de fora, afixado junto ao menu. Assim que se entra no pequeno salão, ele está lá novamente, desta vez na lousa que expõe o especial do dia. Nada mais prático, visto que essa é a resposta para a pergunta feita por mais da metade das pessoas que passam pela porta do Sanpo.
90% do que se encontra tem pé fincado no Japão, mas pode-se provar, por exemplo, o belíssimo e adocicado Yukhoe, steak tartar coreano temperado com shoyu, óleo de gergelim e alho, servido com pedaços de pera asiática e amêndoas (R$ 26). Obrigatória, a berinjela frita servida em bem temperado caldo de dashi (R$ 16) é uma das mais saborosas que já comi. Ainda em caldo de dashi, o Agedashi dofu traz tofu e quiabo fritos, coroado por bacon (R$ 14).
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