Não há como discordar: Paris é uma festa. Para quem gosta de comer e beber bem, Paris é uma festa sem fim, em prateleiras e vitrines sem fim. Tão sem fim que passei 10 dias lá – me fartando – e quero voltar o quanto antes.
Algo que especialmente me atraiu foi a tendência de novos chefs darem preferência a menus curtos, com uso de ingredientes sazonais, algumas vezes mudando o cardápio diariamente. O frescor se reflete em cada garfada – e quando é misturado a excelente técnica e criatividade, é puro amor.
Comida de verdade elevada ao status de alta gastronomia sem passar pelo “foodismo” nem gourmetização boboca. Respeito ao ingrediente e ao cliente.
Aqui vão 16 dicas de onde comi e bebi bem. Elas passam por restaurantes bacanões, docerias, loja de enlatados, burger veganos… E nada seria possível sem as indicações da super Chez Loulou, minha amiga-praticamente-parisiense-sommeliere-detentora-de-repertório-gastronômico-invejável.
Coretta
Fora do roteiro turístico, em Batignolles, este restaurante comandado pela chef Beatriz Gonzalez é primoroso no uso de ingredientes sazonais e lindamente frescos. Pratos belos e de execução magistral – e o menu de almoço custa apenas 39 euros. Comi um dos melhores timos da minha existência, de interior cremoso e exterior crocante, acompanhado por cogumelos pied de mouton, fava tonka, salsifis (tubérculo) e avelãs.
O que dizer da sobremesa mais tesuda dos últimos tempos, o brioche morno com canela – assado na hora, precisa ser pedido no começo da refeição – acompanhado de caramelo com flor de sal e sorvete artesanal de baunilha? Um endereço que precisa fazer parte de qualquer viagem a Paris. Mesmo.
Comida francesa contemporânea merecedora de aplausos. Mais info, clique aqui
Clamato
Pirei. Apenas isso. A casa simples de serviço simpático e corrido lota poucos minutos depois de abrir as portas – não aceita reserva, então o negócio é chegar cedo. Frutos do mar e peixes são os protagonistas do cardápio alterado diariamente, que funciona no sistema de porções para compartilhar (em geral, bem servidas e entre 10 e 16 euros, cada).
O filho mais novo da família Septime faz total jus ao sucesso: impossível não se encantar pela vivacidade e sabor. O ponto de cocção dos ingredientes é outra maravilha: legumes que estalam sob a pressão dos dentes, peixes que guardam toda a textura. Apaixonante a simplicidade do Polvo, beterraba e bacon defumado e o vigor das finas fatias de haddock misturadas a couve e brócolis na grelha.
Não pule a sobremesa: ainda sonho com o financier com geleia de tangerina com casca e sorvete de sálvia. Mais info, clique aqui .
Frenchie To Go
Cria do restaurante Frenchie – para uma refeição lá é necessário fazer reserva com três meses de antecedência -, essa lanchonete minúscula é o refúgio de parisienses que querem comer bem e rápido (ou levar para viagem). Aberto para café da manhã, serve egg & cheese sandwich (7 euros), ovos beneditinos (10 euros) e scone de bacon com maple (3,80 euros).
Para almoçar, vá de excelente pastrami artesanal com picles de beterrada ralada em pão de centeio (14 euros) ou de lobster roll (22 euros). Não perca a cheesecake com abóbora e sálvia, levíssima e delicada. Mais info, clique aqui
Ô Chateau
Aprender sobre vinhos franceses em Paris com degustação guiada em português ou inglês: esse é um dos maiores baratos deste wine bar. É possível degustar taças de todas as regiões vinícolas da França em diversos rótulos naturais, tendência que se espalha com muita força pelo país. Para harmonizar, tábuas de queijos provenientes da mesma região, com o mesmo terroir. Mais info, clique aqui
Popelini
Choux é uma massa típica da doçaria francesa, aquela usada para fazer profiteroles. É também paixão nacional. A Popelini é famosa em Paris por fazer os melhores chouxs da cidade: são plumas recheadas com creme geladinho de chocolate, café, limão, pistache, rosa… Comer uma só é martírio. Mais info, clique aqui
Mesdemoiselles Madeleine
Outro símbolo nacional francês é a madeleine. Macios, altos, levemente resistentes ao dente, cheirosos: esses bolinhos são presença indispensável nos cafés. A doceria se especializou nelas – e as modernizou. Além de serem vendidas em três tamanhos – pequena, média e gigante-, são recheadas. Dá pra escolher entre caramelo salgado, limão siciliano, baunilha, framboesa, etc… Mais info, clique aqui
Hank Burger
Olhe bem quando você estiver passando na frente desta hamburgueria vegana no Marais: de tão pequena, é fácil nem percebê-la. Na terra do foie gras e da manteiga, pode ser bom dar um tempo em proteína animal, ainda mais quando a comida é boa. Este é o caso. A base do “burger” é sempre a mesma – mistura de vegetais orgânicos e picles de pepino – e o que muda é o molho.Acertado o de mostarda e alfafa, assim como o de coentro e pimenta. As batatas “fritas” são assadas e macias. E a cerveja orgânica com castanha portuguesa, bem da boa! O trio sai 15 euros. Mais info, clique aqui.
Café Pinson
Charmosíssimo, este café do Marais dedica-se a receitas veganas. E saborosas. O café da manhã tem granola artesanal, suco feito na centrífuga (varia cada dia), madeleines, bolos, pães de grãos, chás orgânicos, macchiato com espuma de leite de amêndoa.
No almoço, pratos como purê de cenoura com quinoa e salada e bolinhos assados de grãos de bico com gergelim. Mais info, clique aqui.
Kunitoraya
O melhor udon que já provei até hoje (tá certo que nunca fui ao Japão..). A casa – sempre, sempre, sempre lotada e com fila que vira a esquina- é tocada por japoneses, fundada por japoneses e só tem japoneses na cozinha, o que garante a consistência e a alta qualidade. E que caldo, senhores, que caldo bem temperado!
O Kunitora-udon vem com carne de porco cortada em fatias finas, salsifis (tubérculo) e missô: comi o “baldinho” todo. Picante, o Curry-udon leva carne de boi e curry japonês. Não perca o excelente tempurá de abobrinha, camarão e cenoura. Mais info, clique aqui
Sébastien Gaudard
Quando doces são levados a sério – e feitos com técnica e ingredientes de qualidade- o resultado é equilíbrio, leveza e beleza comestível. Um dos chefs patissier mais respeitado do país, Sébastien agora tem outra loja – a primeira é na Rue de Martyr, perto do Jardin des Tuileries. A novidade é que a unidade tem um salão de chá, no qual é possível sentar para apreciar as jóias açucaradas. Minha favorita: Mussipontain (creme de baunilha e amêndoas com pedaços de amêndoas caramelizadas). Cada doce custa cerca de 9 euros. Mais info, clique aqui.
Lockwood Café
Café simpático durante o dia – servindo blend de grãos especial e torrado para a casa-, também serve refeições e sanduíches. Quando a noite cai, o andar de baixo vira um dos bares mais bacanas que já visitei: o subsolo é uma cave do século dezoito, cujas salas viraram lounges iluminados por velas.
O forte é a coquetelaria: bebidas artesanais garimpadas de vários países, drinques autorais e clássicos. Tomaria uns dez Botanist: conhaque, Saint Germain, licor de cereja, Benedictine e Fernet Branca. Mais info, clique aqui
Conserverie La Belle-Iloise
Belas embalagens retrô guardam ótimas conservas de peixes e fruto do mar – a marca é de um pesqueiro francês. Que loja deliciosa! Sardinhas no azeite com limão, no molho de tomate, na tapenade, com ervas aromáticas. Mousse de lagosta. Atum. Lagostim. Afe. Mais info, clique aqui
Hai Kai
Minha ceia de ano novo foi aqui. Treze etapas que iam me deixando mais e mais impressionada com a qualidade e apuro da cozinha da chef Amélie Darvas. Não fiz foto porque, afinal, era uma celebração, mas digo e repito: vá a este restaurante francês contemporâneo no Canal Saint Martin. O menu executivo sai a 27 euros e muda diariamente: a casa também trabalha com ingredientes sazonais e locais, além de oferecer carta inteiramente de vinhos naturais. Mais info, clique aqui
L’Eclair de Génie
Éclair, o que costumávamos chamar de bomba no Brasil, é um troço sensacional. Esta doceria a transformou em delicadas delícias frescas, recheadas com vinte variedades de creme e fabricadas diariamente. A de chocolate amargo é de chorar de boa. Não atrás ficam as de maracujá com chocolate, a de framboesa com rosas e a de baunilha com pecã. Mais info, clique aqui
Galerie Lafayette Gourmet
O que era bom ficou melhor, muito melhor: a Galeria Lafayette ampliou sua área dedicada a comidas e bebidas, inclusive mudando-a para o outro lado da rua.
Agora, além de ter disponível milhares de produtos franceses como queijos, embutidos, iogurtes, doces, é possível fazer refeições nas lojas/restaurantes do piso térreo. Entre elas, Caviar Petrossian, Gelateria Pedone, chocolates de Alain Ducasse, asiático Tafa, sensacional boulangerie Liberté, L’Éclair de Génie, o espanhol 5 Jotas e Pret a Manger.
Eu poderia passar um dia todo lá, passando de um balcão pra outro, comendo, bebendo e comprando. Por isso que gostei tanto de ficar em um apartamento: podia passar na Lafayette Gourmet, passar o rodo, levar pra casa e me acabar, sem pressa… Mais info, clique aqui
Comente
Seja bem-vindo, sua opinião é importante. Comentários ofensivos serão reprovados