Felino, Milanese, Genovese, Pepperoni, Brianza, Spianata, Romana, Anello, Mugnano, Ventricina, Finocchiona, Soppressata: a Itália é uma festa em variedades de salame. Cada um possui variações na receita, tempo de cura e especiarias, mas o modo de produção básico é o mesmo. E foi isso, o processo de fabricação do salame, que fui conhecer no Salumificio Fumagalli, na região de Como, no norte da Itália, como parte da viagem de valorização da Salumeria Italiana Tradicional.
O post sobre a produção da mortadella você acessa AQUI.
O post sobre a produção da presunto você acessa AQUI.
Na Fumagalli, toda a carne usada para a linha de 20 tipos de salame – cuja produção anual de 1,5 milhão de toneladas é exportada para 22 países – é proveniente de porcos de genética italiana (e criados na Itália) das raças Landras e Large White. Aqui ,vale um adendo: a Fumagalli cria os animais de maneira sustentável, humanizada, de acordo com o que chamam de Etiqueta Ética, o que me faz ter um fio de esperança na indústria alimentícia…
Os salames são feitos, em sua imensa maioria, de paleta e pancetta. O processo começa com a chegada dos cortes resfriados ao salumifício – a baixa de temperatura é necessária para exterminar bactérias potencialmente nocivas a saúde existentes na carne após o abate.
Os cortes são levados para a primeira moagem. De lá, seguem para o segundo moedor, que pica a carne na gramatura indicada para cada tipo de salame.
A carne moída entra numa esteira que passa por um pulverizador responsável por distribuir o tempero que contém sal, açúcar, pimenta do reino, erva doce e conservadores nitrito e nitrato. Por que açúcar? Por que o salame é um produto fermentado e não há fermentação sem alimento para as bactérias – o açúcar é este alimento.
Uma vez a “massa” do salame estando pronta, é ensacada em tripa bovina, suína, caprina ou ovina e segue para a fermentação e cura. Os passos aqui são Stufatura, Asciugamento e Stagionatura.
Stufatura: o salame entra em câmeras refrigeradas e fica exposto a temperaturas que vão de 18 a 26 graus, com umidade do ar entre 84 e 90%, por um período que varia de um a quatro dias de acordo com o tamanho da peça e tipo de salame. Durante esse período, o PH da carne muda, assim como a concentração de água, e as bactérias começam seu processo de fermentação. Fase crítica, precisa ser atentamente acompanhada para que não aja excesso de fermentação, o que literalmente apodrece o produto.
Asciugamento: compreende baixar a temperatura da sala de cura para brecar a fermentação. Neste ponto – que dura de cinco a dez dias – o bolor começa a ficar visível.
Stagionatura in senso stretto: fase mais longa na produção, pode durar de quatro a oito semanas. A temperatura é mantida em cerca de 13 graus, com umidade em torno de 70%.
Então, o produto está pronto para ser escovado – caso dos salames de bolor verde, que para não “espantar freguês” são esfregados e depois passados por farinha de arroz, o que dá a cor branca tão característica do produto -, embalado e comercializado.
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