Inaugurações de restaurantes são quase diárias em São Paulo. Mas são poucos, pouquíssimos, que surpreendem. O Tanit é um deles.
Novo e já um sucesso – com fila de espera quase inevitável – o Tanit traz gastronomia mediterrânea com acento catalão dado pelo talentoso Oscar Bosch. A cozinha do chef espanhol (ex-FishBar) está mais madura, equilibrada, o que resulta em sabores intensos e vivos. Simplicidade, bons ingredientes e técnica: a trilogia de ouro.
Sinônimo de Espanha, as batatas bravas do Tanit (R$24) vem com molho de tomate caseiro e ragú de chorizo espanhol. As clássicas croquetas (R$ 28) são impecáveis, de textura cremosíssima no interior e exterior fino e crocante; podem ser de bechamel e jamón ibérico ou de alho poró e queijo de cabra.
Aconselho com fervor o Steak Tartar (R$ 47). Longe de ser a montanha de carne picada e excessivamente temperada que costuma-se encontrar em todos os cantos da cidade, o tartar de Bosch é aveludado. Colocado sobre tutano, ainda no osso, vem coroado por cubos crocantes de batata. Caro, mas delicioso.
Há poucas opções no menu para quem não come ou tenta diminuir o consumo de carne/frutos do mar. Basicamente uma: Nhoque de beterraba ao molho de queijo manchego e nozes caramelizadas (R$ 44). Por que ainda é tão difícil para o brasileiro compreender que comida boa, até excepcional, não precisa ter carne, frango, porco, javali? Por que os chefs, em geral, não exploram mais alternativas que não levem, obrigatoriamente, a “muleta” do carnão? Este post prova que é muito possível…
Os famosos arrozes da cozinha espanhola vem em dois preparos: Arroz Negro com polvo grelhado, tinta de lula e aioli (R$ 65) e Arroz del mar, com camarões, mexilhões e lula (R$ 60). Quem gosta de lulas pode ir também no reconfortante fideuá cozido no caldo de camarão, escoltado por delicadíssima maionese de alho e lulinhas grelhadas (R$ 56).
Carnívoros sorrirão com o Leitãozinho crocante (R$62) servido desfiado sob pururuca, purê de cenoura e chutney de repolho roxo e maçã e com a suculenta rabada cozida na cerveja escura (R$ 54), desfiada, acompanhada por creme de mandioquinha, farofa de alho e crisp de couve.
Entre as poucas sugestões de peixe, o onipresente e ameaçado de extinção pelo excesso de pesca atum (R$63), servido com húmus, paprika, cebolinhas caramelizadas e ragú de chorizo espanhol. Neste setor, esperava mais criatividade e menos obviedade do Tanit.
Drinques como gin tônica, negroni, whisky sour e Bloody Mary giram em torno de R$ 27, cada. Não são incríveis, porém são corretos.
A doçaria é assinada por Beatriz Bosch, esposa de Oscar, e tem como marca a delicadeza e uso comedido do açúcar. A Torta Santiago – compacta, de massa de amêndoas – tem sutil toque cítrico e vem com leve creme inglês e sorvete de nata (R$ 22). Outra opção de doce-pouco-doce é a pera cozida (ainda mantendo sua bela crocância) montada sobre mousse de iogurte e crumble de macadâmia e finalizada com sorvete de pera (R$ 19).
Comente
Seja bem-vindo, sua opinião é importante. Comentários ofensivos serão reprovados