Sorte de quem mora no Rio: por lá está a The Slow Bakery e alguns dos mais maravilhosos pães que já comi.
Tudo ali tem notável capricho, não apenas os excelentes pães de longa e natural fermentação (também chamados de sourdough). A própria existência do endereço físico da marca – que começou como uma empresa caseira, entregando pão sob encomenda – é fruto dessa paixão pelo ofício.
Sem capital para investir numa cozinha central e aumentar a minúscula produção, os criadores da Slow Bakery contaram com a ajuda financeira de 163 pessoas, que doaram dinheiro em sistema de financiamento coletivo, viabilizando o nascimento do café, instalado em Botafogo.
O pão… Como definir essa beleza acastanhada, de casca crocante, miolo aerado, levemente azedinho e elástico, preparada apenas com farinha italiana, água e levain num processo que toma mais de 30 horas? Eu definiria em uma palavra: paixão. Está evidente em cada mordida a devoção de quem produz aquele pão em oferecer um alimento tão simples quanto essencial, preparado da maneira mais antiga, saudável, nutritiva
(assista o episódio sobre o tema da série Cooked, de Michael Pollan, no Netflix).
“San Francisco Sourdough é o famoso pão de fermento natural da cidade americana de mesmo nome. Segundo reza a lenda, a sua fermentação é impulsionada por uma bactéria encontrada no ar daquelas ruas, a Lactobacillus Sanfranciscensis.
Acontece que por essas praias também descobrimos uma forma de potencializar a fermentação natural. Nossas Lactobacillus Cariocas produzem uma complexidade de sabores e aromas ao pão, só que com muita mais pegada, malemolência e alegria do que suas irmãs californianas. Afinal, são cariocas”. As palavras, escritas na lousa do salão, esclarecem o processo para aqueles que não sabem a diferença entre um sourdogh e um pão comum. Mas para ter noção de quão bom o resultado é, só comendo.
É possível comprar os pães para levar – fornadas de ciabatas são as terças; de baguete, polka, focaccia e do dia, as quartas, quintas, sextas e sábados – ou sentar e apreciar com calma ótimos sanduíches, bolos, sucos, iorgurtes.
No menu criado pela chef Anna Elisa de Castro, os astros são o pão e os pequenos produtores, origem de todos os itens que o compõe.
O Croque do Padeiro é montado com duas fatias de pão levemente tostadas na chapa, queijo meia curta artesanal, presunto, molho bechamel e, então gratinado com o excelente parmesão da mantiqueira (R$ 15, meio/R$ 28, inteiro). O Croque da Fofa tem queijo meia cura artesanal, cebola caramelada, molho bechamel da casa e também é gratinado com parmesão da Mantiqueira (mesmo valor). O queijo quente é um desbunde: queijos meia cura e parmesão da Mantiqueira numa mistura cremosa, puxa-puxa… (R$ 16, meio/R$ 24, inteiro).
Para quem gosta de ovos como eu, a Panelinha Especial vem com fatia de pão, ovo frito, molho de tomate caseiro e aspargos (R$ 16) – mas pode sofrer alterações porque a casa trabalha com vegetais da estação (e eu acho isso sensacional).
Há também tartines, como a de tomate confit, alho e queijo boursin (R$ 22) e bolos (R$ 8, fatia). Acompanhe a comilança com o ótimo café Wolf extraído na Aeropress (R$ 5,50) ou com Kombucha artesanal de vários sabores (R$ 16).
Se morasse no Rio, estaria o tempo inteiro por lá. Que pão, meus senhores, que pão!
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