Campos do Jordão não se resume a Capivari, chocolates de qualidade duvidosa, porção de salsichas ‘alemãs’ e baladas invernais com gente de pólo e minissaia… Experimente sair um pouco do centro-pega-turista e conhecer o que há de local, belo, bem feito. Bastam 20 minutos de carro para sair de perto das casas de telhadinho à la Suíça (suuuper indicado para lugares em que não há neve, aliás) e chegar no Empório dos Mellos.
Instalado numa vilazinha que parece saída de uma pintura – daquelas de ruas de terra batida, igrejinha pintada de branco, crianças jogando bola e cachorro correndo atrás da roda do carro-, o Empório dos Mellos é um pequeno e adorável misto de restaurante e empório de produtos provenientes de pequenos produtores da região, muitos deles orgânicos e biodinâmicos.
Nas prateleiras dispostas pertinho da entrada, é possível encontrar sais temperados, mix de ervas, frutas, verduras, compotas, farinhas, sorvetes, cerveja – tudo de um raio de 20 km (o café vendido ali, no caso, vem do sítio exatamente em frente ao empório). Se isso já não fosse motivo suficiente para fazê-lo/a conhecer o local, tenho outro bem forte: a comida ali é deliciosa. E sempre me alegra em ver pessoas valorizando o que sua terra dá, o que os artesãos perto delas produzem.
O restaurante é o real do-campo-à-mesa: muitos dos verdes são colhidos minutos antes do seu preparo, caso da porção de peixinho da horta empanada e frita, servida com redução de melado e shoyu (R$ 16).
Não sabe do que se trata esse tal de peixinho da horta? É uma PANC, ou Planta Alimentícia Não Convencional. PANCs são aquelas que a maioria das pessoas não se dá conta de sua função como alimento. Muitas, inclusive, são consideras matos ou ervas daninhas por crescerem espontaneamente nos quintais, campos e beiras de estrada. Também pode-se considerar PANCs plantas comuns, como a bananeira, porque acabamos restringindo seu consumo a fruta, jogando fora as outras partes comestíveis como o coração (ou umbigo) e os frutos verdes. Para mais infos, clique AQUI.
Ah, sim, ela se chama peixinho da horta porque, quando frita, fica com gosto semelhante ao de… peixe, claro. Outro nome dela é “orelha de lebre” por possuir textura macia e felpuda.
Por falar em PANCs, uma das melhores saladas que já comi na vida – sem exagero, juro – foi lá no Empório dos Mellos. PANCs da estação (no caso, serralha, língua de vaca, azedinha, catalônia, bálsamo e almeirão roxo) ao molho de mel dos Mellos e queijo de cabra de Santo Antonio (R$23). Queria demais provar a polenta cremosa de milho verde com shiitake do Lajeado ao Azeite da Mantiqueira (R$ 23) mas também queria comer os principais…
Enquanto aguardava minha galinha caipira ensopada com quiabo, arroz, feijão e farofa de banana (R$ 43 de pura fartura e alegria) e a excelente truta crocante sobre cama de serralha refogada e purê de tubérculos (R$ 43) me dei conta que estava achando a música ao vivo não só agradável, mas bem da boa – e eu odeio música ao vivo. Tomara que em sua visita o mesmo violonista esteja lá tocando música instrumental brasileira.
Os principais também incluem Costelinha de porco com arroz, tutu e couve (R$ 43), Angu com rabada e agrião (R$ 43), Risoto de arroz Arbóreo integral com shiitake e parmesão da Mantiqueira (R$ 43), entre outros. Comida de e com alma.
Sobremesa mais com cara de interior, impossível: degustação de doces da roça como de abóbora, de banana, de goiaba, com queijos e mel (R$ 19). A grande diferença dela para as parecidas servidas por aí, é que tudo é feito lá, sem muito açúcar e com insumos de excelente qualidade.
Se depois de comer bater aquela preguiça, deite-se nas redes dispostas pelo jardim e assista o tempo passar com calma, beleza e sossego.
Comente
Seja bem-vindo, sua opinião é importante. Comentários ofensivos serão reprovados