As rústicas paredes de tijolos, itens decorativos que remetem ao litoral, almofadas em tons de branco e azul, bar incorporado ao salão e ampla grelha- que atrai todas as atenções – à vista dos clientes, fazem do novo Cozinha 212 um local agradável. O conjunto transporta os comensais para alguma festa chique em Ilhabela – o que não é de todo coincidência, visto que os sócios do local são Victor Collor de Mello e Stefan Weitbrecht.
Há alguns anos a dupla oferece jantares a amigos, tanto nas casas de São Paulo quanto na de Ilhabela. E foi dessa experiência que nasceu a ideia de abrir um restaurante no endereço do antigo Beato. O que se sente ali é mesmo a pegada ‘receber amigos’: o local é muito mais um ponto de socialização do que de oferta de gastronomia afinada. Um bar/restaurante para estar entre seus pares, conversar, tomar coquetéis e, também, comer. Parece que deu certo: filas são uma constante, tornando a calçada uma animada antessala.
O cardápio foca em carnes, frutos do mar e vegetais preparados na brasa. Por vezes o resultado é bom, como no caso das gordas e tenras costelinhas de porco com mostarda fermentada (R$ 42) – nenhum dos principais vem com acompanhamento, que precisa ser pedido a parte. A lista inclui batatas fritas com alho e tomilho (R$ 12), abóbora com purê de alho (R$ 12), mandioca na manteiga (R$ 14) e batata doce (R$ 12), entre outros.
Por vezes a brasa foge ao controle e resulta em erros tais quais o pão – insosso -, com partes carbonizadas, como o que veio à minha mesa compondo a Tostada do dia (R$ 20), que levava queijo de cabra (já frio), mel e tomilho.
Como se vê pela longa carta, os drinques são um grande foco do Cozinha 212. Contudo, não prezam pelo apuro no preparo. O Aviation (R$ 35), feito com gin Tanqueray e cereja ao maraschino, levou excesso de suco de limão, o que soterrou por completo o sabor do Luxardo. Já 1975 – com vodca, vodca canforada (?), doce de cambuci, hortelã e bitter (R$ 32) – trazia a compota compactada embaixo da caneca, sendo notada apenas nos últimos goles.
O prato mais equilibrado foi o fettuccine do dia (R$ 38, meia/R$ 44, inteira), com polvo em fatias e pesto de coentro: molusco macio e massa al dente. Entre os mais vendidos estão o Tartar de gado Angus com mostarda Dijon, alcaparras, shitake e fritas (R$ 32) e as Lulinhas com tomate e aioli (R$ 28).
O ponto mais decepcionante foi a sobremesa, descrita como “Bolo e toffee de manjericão com mascarpone (R$ 20)”. O bolo estava ressecado e esfarelento. O toffee – preparo tradicional que leva caramelo e boa dose manteiga (e/ou creme de leite) – não era toffee, mas sim creme a base de leite infusionado com manjericão.
Com tempo, vontade e cuidado, quem sabe, o Cozinha 212 poderá se juntar ao time do Arturito e do Chou, casas que usam o fogo e brasa de maneira magistral. Mas talvez nem precise disso para ser um sucesso de público …
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