Provavelmente você já ouviu os termos ‘farm to table’ (do campo a mesa) e ‘insumos locais’. Muito mais do que modinhas gastronômicas, esses conceitos se referem a uma forma de produzir comida mais limpa, fresca, que valorize os pequenos e médios produtores e não tenha que viajar meio mundo para chegar ao seu prato. No fim, é um retorno da maneira que costumávamos nos alimentar há décadas: com o mínimo ou nenhum químico nocivo, comprando direto de quem produz, consumindo o que está na estação e aproveitando a biodiversidade de onde vivemos (porque não dá nada de bacana em comermos blueberry dos EUA ou kiwi da Nova Zelândia e nem conhecermos abiu, grumixama, maracujá do cerrado…)
O #ptdk – Por Trás Da Kg, meu canal de jornalismo gastronômico no YouTube – foi até Nuremberg para conhecer mais de perto esse crescente movimento de valorização dos ingredientes locais, intimamente ligado à preservação da cultura através da comida.
Mas porque Nuremberg?! Bom, a Alemanha é um dos países mais verdes do mundo. A preocupação com a sustentabilidade – produção de bens e alimentos da forma mais limpa para o planeta e para os indivíduos, o que permite a continuidade e longevidade dos processos – não nasceu por acaso e não é de agora: uma nação que enfrentou tantas guerras e teve que se reconstruir, mais de uma vez, notou a importância de cuidar de seus recursos naturais, depender menos de combustíveis fósseis e garantir a saúde da população desde o campo.
Nuremberg tem história gastronômica riquíssima e se localiza numa área de solo fértil, rodeada por florestas. A junção destas duas características está trazendo novos chefs à cidade, que vem explorando a tradição de forma mais contemporânea e colocando em suas criações cogumelos selvagens, verduras e frutas endêmicas, animais de caça, etc. Nuremberg mostra que ‘do campo a mesa’ não é apenas um conceito bonitinho: é uma bela realidade.
Além de ser linda e transbordar história – sou suspeita para falar dali, porque sou apaixonada pela cidade -, Nuremberg é um tremendo destino gastronômico.
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Auguste Premium Junkfood
No Auguste eles provam que é totalmente possível fazer fast food – hambúrguer, batata frita, milkshake – gostoso e sustentável. Esta lanchonete usa carne 100% orgânica, proveniente de gado criado solto, alimentado só com pasto e sem nenhum antibiótico ou hormônio. Todos os vegetais também são orgânicos e de pequenos produtores. Cervejas? Locais (e sensacionais), claro! Se você é vegetariano, ótimo: há também interessante menu completamente sem carne.
Recomendo o Junk-Eggsplosion Burger: hambúrguer de 180 gramas de gado Hereford, molho da casa, ovo frito, bacon crocante, queijo, picles, tomate, cebolas caramelizadas e alface. Para acompanhar, batatas fritas ao estilo da Francônia.
Dürrer Hase
O chef Dieter Wittmann, costumeiramente dedicado a alta gastronomia, abriu há menos de um ano o Dürrer Hase, pequeno-grande restaurante focado em comida regional e sazonal, com predileção por ingredientes orgânicos e vinhos naturais.
Num pequeno salão, para apenas 20 comensais, tive uma das melhores refeições da minha vida: insumos frescos – muitos coletados na floresta aos arredores de Nuremberg – tratados de forma criativa e cheia de técnica. No meio do jantar, o fornecedor de cogumelos silvestres chegou carregando as trufas que havia colhido há menos de duas horas que, em menos de quinze minutos, foram servidas sobre um belo ovo e sensacional pão de centio.
A melhor maneira de curtir a experiência é pedir o menu de três etapas, que muda todas as semanas.
Etzerdla
Este novo café (existe há menos de um ano) serve exclusivamente produtos de pequenos produtores artesanais da região. Queijos, embutidos, bolos, tortas, biscoitos, linguiças, cervejas, vinhos, pães: tudo ali é preparado por pessoas que dedicam a vida – ou algumas gerações – a arte da gastronomia regional. Gracioso, delicioso e um ótimo programa.
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