Modern Mamma Osteria: o sucesso da dupla de chefs Salvatore Loi e Paulo Barros

Lasagna clássica do novo Modern Mamma Osteria: QUE TREMENDA LASANHA!

Sou neta de imigrantes italianos. Cresci comendo lasanha. Cresci amando lasanha. E, vou dizer, não é tão simples encontrar lasanhas que não se pareçam a) com uma papinha, inteira da mesma textura; b) um buraco negro de carne moída e bechamel de qualidade duvidosa; c) um empilhamento de massa grossa/tosca feito papelão.

Entrada do novo Modern Mamma Osteria: carne cruda com batata chips (R$ 33)

A lasanha ideal, pra mim, é aquela em que as camadas tem suas texturas específicas: o dente encontra a crocância do queijo gratinado e semi torrado, a leve resistência da massa, a cremosidade do recheio, a sutil acidez do molho. A lasanha ideal traz sensação de acolhimento – é como se a vida ganhasse um tico mais de sentido. E foi isso que senti quando provei a lasanha (R$ 55) do novo Modern Mamma Osteria, no Itaim: a vida é bem mais prazerosa em frente a uma boa lasanha.

Salão do Modern Mamma (essa foto não é minha – peguei do instagram do restaurante porque esqueci de fotografar…)

Fruto da sociedade de dois grandes chefs, com extensa experiência em gastronomia italiana – Paulo Barros e Salvatore Loi -, o Modern Mamma tem cardápio sabiamente editado, conciso porém variado, preços domados (especialmente quando se considera a região em que está, o Itaim), salão agradável e comida muito. muito boa. Com filas constantes, já é sucesso.

Assada na hora do pedido, a focaccia napoletana do Modern Mamma Osteria tem massa de longa fermentação

Nota-se a técnica dos cozinheiros em detalhes como a espessura magnânima da massa do fagotini, o cuidado em assar a focaccia na hora para preservar a ‘mordida’ e a simples e bela montagem dos pratos. Sim, gostei bastante do Modern Mamma, mas já é bom contar o que não gostei, assim o resto do texto fica somente na área dos merecidos elogios: a acústica é péssima (a sensação é estar dentro de uma caixa de som velha, abafada, com música indecifrável tocando e gente berrando) e o tiramisu é caro (R$ 42, para compartilhar), excessivamente doce e sem nenhum traço de café.

Um “tem que pedir” no Modern Mamma Osteria: Fagotini com ragu de pancetta, cebola caramelizada e fonduta de pecorino (R$ 49)

Pois bem, comer o quê? A Focaccia napoletana – preparada com massa de longa fermentação, o que garante resultado mais leve e de fácil digestão – é acerto. Grande, foi pensada para ser compartilhada. Há três versões: alecrim, azeite e sal grosso (R$ 25), bacon e azeitonas (R$ 27) e recheada com queijo fresco, raspas de limão siciliano, manjericão e molho de tomate.

Ótimo prato do Modern Mamma Osteria: Pici com ragu de linguiça, cogumelo porcini e creme de Grana Padano (R$ 55)

Também para compartilhar há a bem temperada carne cruda com batata chips (R$ 33), Berinjela à parmigiana (R$ 42), bolinhos de bacalhau all’arrabiata (R$ 39) e polentas, montadas na mesa do cliente. A aparência não fica das mais bonitas, mas é saborosamente rústica. Comi quase toda a com mix de cogumelos, tallegio e rúcula (R$ 55). Outra sugestões são com Ragu de carne à parmegiana (R$ 53) e linguiça, espinafre e queijo canastra (R$ 42).

Nhoque de espinafre recheado com mozzarella ao sugo (R$ 47) do Modern Mamma Osteria, casa dos chefs Paulo Barros e Salvatore Loi

Dois pratos merecem ser provados: Fagotini com ragu de pancetta, cebola caramelizada e fonduta de pecorino (R$ 49) e Pici com ragu de linguiça, cogumelo porcini e creme de grana padano (R$ 55). O primeiro equilibra o leve dulçor da cebola (odeio quando cebola caramelizada vem parecendo geleia de cebola) com a potência, dosada com primor, da pancetta: é intensa, não-óbvia. O segundo merece aplausos pela bem feita massa artesanal e o casamento dos tons terrosos do cogumelo com o salgado-quase-picante do queijo.

Tiramisú do Modern Mamma Osteria: caro, escessivamente doce e sem sabor de café

O Modern Mamma Osteria – mantendo a alta qualidade da comida – será um daqueles restaurantes de clientes cativos e longas, longas esperas.