O endereço e o proprietário são os mesmos do finado Batubara, mas a comida, quanta diferença! O novo Cór é o resultado de banho de consultoria que resultou em proposta acertada e menu conciso. Não lembra em nada o cardápio trambolhudo estilo “temos parmegiana, tutu de feijão, ravióli de pera com gorgonzola e temaki” da encarnação anterior. Ao contrário: o Cór nasceu sabendo sua vocação e a explora muito bem.
A proposta do Cór foi desenhada pelo chef peruano Renzo Garibaldi, da Osso Carniceria, em Lima. Espécie de Deus dos gourmands carnívoros, Garibaldi concentrou a maioria dos preparos na bela churrasqueira aberta para o salão, dividida em chapa, grelha e forno. Dali saem tanto pães tostados com pasta de berinjela (R$ 20) quanto legumes, frutos do mar e carnes.
Quem comanda a cozinha no dia-a-dia é a jovem Thais Alves cuja delicadeza pode ser notada no ponto do excelente Polvo na brasa com chimichurri com leve pasta de pimentão – queimado na churrasqueira- e refrescante salada de erva doce e maçã verde (R$ 35) e na textura perfeita do purê do dia (batata doce, cará, mandioquinha…, R$ 12), uma das sugestões de acompanhamentos para as carnes.
Algo que me causou ótima impressão no Cór: os vegetais. Os acompanhamentos e pratos sem proteína animal não foram concebidos com o tradicional descaso dos restaurantes focados em carnes: ali houve empenho para criar sugestões saborosas e bem executadas. Comida boa, enfim. É o caso do ótimo repolho na brasa que ganha pasta de castanha do pará e molho de ostras (R$ 12) e das gordas fatias de pão, tostadinhas a ponto de ganharem chamuscados repletos de umami e cobertas por pasta de berinjela (R$ 20). Preciso voltar para provar o arroz Bomba espanhol com vegetais na brasa (R$ 49) e nhoque de abóbora com ricota, manjericão e castanha do pará (R$ 39).
Os pratos principais ainda incluem Espaguete carbonara (R$ 42), pancetta com purê defumado de batata doce (R$ 57) e o decepcionante Burger da casa (R$ 39) montado com pão sem sabor, carne nada suculenta, queijo mogiana, bacon com mel (tão doce que mais parece sobremesa), maionese de alho e batata frita.
As carnes são bem feitas, tratadas com respeito e servidas no ponto. Além do Asado de tira, da fraldinha e do chorizo (R$ 55, cada) há New York Strip, Prime Rib e T-bone maturados seco ou, em inglês, dry aged. O processo concentra sabor e promove maciez. O cortes dry aged por 21 dias custam R$ 20 a cada 100 gramas (mínimo de 500 gramas); os maturados por 60 dias saem R$ 30 reais a cada 100 gramas.
Durante a semana, no almoço, há apenas menu executivo por R$ 53 (couvert, entrada, prato e sobremesa) ou R$ 45 (couvert, entrada, carne, sobremesa). Nele comi suave Sopa fria de ervilha, ricota e azeite de manjericão e carnudo frango com pamonha (que mais parecia um torta de milho) ao azeite de páprica e maçã na churrasqueira com sorvete de leite.
Não dispense o couvert composto por deliciosa focaccia (da excelente padeira Izabela Tavares, que as prepara através de fermentação longa e natural), quadradinhos de polenta crocantíssima, azeite e flor de sal sobre tábua de madeira aquecida. Simplicidade em seu melhor.
Com vários ambientes e espaçosa área externa, o Cór é do tipo de restaurante para ir em família ou com grupos de amigos.
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