A Baianeira: comida de aconchego com sabor e alma de sobra

DELICIOSA Galinhada com rúcula, mamão verde e farofa da A Baianeira

Pouquíssimos lugares me conquistam naquele ponto de querer voltar toda semana por sentir saudade do tempero.
Raros são os restaurantes nos quais penso em ir quando estou triste e preciso de uma refeição que me reconforte.
Quase nenhum cozinheiro se torna meu amigo, numa relação tanto de respeito quanto de carinho.
Eu me sinto assim, acolhida, na A Baianeira, com Manuelle (Ferraz).

Farinha das boas: sobre todas as mesas

Conheci a casa há cerca de três anos, pouco depois de sua abertura. Na época, o cardápio era reduzido; a cozinha, minúscula; o serviço, meio confuso. O pão de queijo, porém já era de fazer suspirar: a grande diferença estava no polvilho e queijos artesanais, trazidos de sua cidade, Almenara, no Vale do Jequitinhonha. Voltei após um mês para provar o almoço: pirei no tempero.

Dos meus favoritos: nhoque de batata doce roxa com creme de requeijão de corte, sálvia frita e tapioca crocante

E voltei de novo. E de novo. E dezenas de ‘de novos’. Levei amigos. Acompanhei a reforma, a transformação do menu – que ganhou mais corpo conforme a chef ganhava mais segurança -, o aumento da clientela. E, no final, me tornei cliente assídua da Quem Quer Pão (na época, esse era o nome).

Fachada da A Baianeira, na Barra Funda

Então, este ano, ao retornar das férias, algo mudou: a Quem Quer Pão tinha virado ‘gente grande’ e assumido a vocação que sempre vi nele, a de ser um tremendo restaurante de comida brasileira. Mais especificamente, de comida da divisa de Minas e Bahia (daí o termo baianeira).

Mangada artesanal do Vale do Jequitinhonha com requeijão de corte e folhas de coentro: uma das sobremesas da A Baianeira

‘Tremendo’ muito menos pelo tamanho (pequeno) e muito mais pelo cuidado, talento, execução e entrega de alma: Manuelle faz questão de embasar seu trabalho com extensa pesquisa de microprodutores de excelência da região, trazendo o que existe de melhor lá para o restaurante. Incentivando esses artesãos a permanecerem em seus ofícios, valorizando-os. Possibilitando que seus clientes conheçam maravilhas como a goiabada e a mangada cremosas e poucas açucaradas preparadas em tachos de cobre. Uma melhores cachaças que já tomei, produzida por um francês e chamada… Francezinha (sim, com z). O requeijão de corte de sabor amendoado, cor de caramelo e cozimento lento que precisa de 20 litros de leite para resultar em 1 quilo.

O melhor pão de queijo que já comi com ovo caipira: uma das delícias da A Baianeira

O cuidado se extende a escolha dos insumos cotidianos, como os ovos caipiras, as verduras e legumes majoritariamente orgânicos, ao bom café coado na mesa. O brilho do todo mora nos detalhes e, ali, isso fica evidente. Tudo transborda dedicação.

Feijoada, às quartas, da A Baianeira: leve, belamente temperada

Agora, Manuelle muda o menu do almoço de sábado – o dia mais cheio – todos os meses. Passou também a servir café da manhã somente neste dia. E, olha, vá. Coma a banana da terra na chapa com melado, o Pão de queijo (R$ 5,50), o Sanduba de banana da terra, queijo de Almenara, vinagrete de abobrinha e cebola roxa (R$ 25), o Pão na chapa com requeijão de corte derretido (R$ 15), a Porção de ovos mexidos com torradinhas de pão de queijo (R$ 15). Coma tudo.

Aos sábados, na A Baianeira, pode-se encontrar Peixe do dia, purê de coentro, vinagrete de feijão verde, chips de batata doce, arroz e farofa (R$ 49)

Depois das 12hs, coma também a lindamente temperada e suculenta galinhada com rúcula, refogado de mamão verde e farofa (R$ 39) e o Peixe do dia, purê de coentro, vinagrete de feijão verde, chips de batata doce, arroz e farofa (R$ 49). Coma o que mais houver no cardápio.

Ovo cozido e creme de requeijão moreno (R$ 20) da A Baianeira

Durante a semana, a vendinha (que funciona na parte da frente do restaurante) fica aberta até às 17hs, servindo bolos, pães de queijo, café e alguns produtos da sua região, caso da goiabada de Ponte Nova. O restaurante tem sugestões como Baião de dois vegetariano (R$ 35), fresca salada de feijão verde com queijo de cabra e torradinhas de pão de queijo (R$ 25) e o meu amado nhoque de batata doce roxa acompanhado por creme de requeijão de corte e tapioca crocante (R$ 18).

Cuidados que fazem a grande diferença: de Almenara, sua cidade, Manuelle traz essa goiabada fenomenal, o queijo de leite cru e a cachaça de excelente qualidade

Um tremendo restaurante. Mesmo.

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