Estabelecimento Fechado
Desde que conheci a Lis Cereja e o riquíssimo universo do vinho natural, meu paladar mudou um bocado. Já não consigo ver graça em vinhos comerciais “redondinhos”, com notas de “frutas vermelhas”, “tanino maduro” e blábláblá. Aliás, passei a achar esse mundinho bem chato, bem tonto e bem propenso à mentira.
“Mas, ué, Ailin, nem todo vinho é natural?!”
Não, não é. Para entender mais sobre o tema, aconselho a ler os textos da Lis aqui no Gastrolândia (parte 1, parte 2, parte 3 e parte 4). Simplificando, podemos dizer que:
- Os vinhos que encontramos hoje no mercado, chamados “convencionais”, são elaborados, às vezes mais, às vezes menos, de acordo com uma escola enológica na qual o vinho é um produto feito pela mão do homem e não da natureza. Não é mais suco de uva fermentado, mas sim, suco de uva fermentado e manipulado de acordo com as necessidades do produtor, do mercado, da produtividade, do valor, e etc. A lei permite o uso de mais de 200 aditivos enológicos desde a terra, passando pela fruta e terminando na garrafa. Só um precisa constar no rótulo: o sulfito.
- A grossíssimo modo, os vinhos chamados de ‘naturais’ tem menos intervenção humana possível, geralmente são produzidos com uvas orgânicas e leveduras indígenas. A ideia é colocar na garrafa o verdadeiro terroir do local, sem pozinhos mágicos que alterem perfil de sabor, cor, acidez, corpo… Ou seja: sabores novos, cores novas, aromas novos e, de quebra, produção sustentável. Nem todos são bons? Não, claro. Assim como nem todos convencionais são ruins.
Ufa! Posto isso, digo: o Jardim dos Vinhos Vinhos é dos melhores lugares para descobrir e tomar vinhos naturais em São Paulo.
Espaço criado por Analu Torres e o marido, o francês Xavier Meney, O Jardim dos Vinhos Vivos é uma mistura de bar informal, loja e escola de francês.
Como bar, ele funciona em horários que você descobre pelo Instagram; são poucas mesas (algumas compartilhadas, o que pode ser divertido) distribuídas em um pequeno jardim nos fundos de uma loja na Vila Madalena. Analu não apenas ama vinhos naturais como também entende um bocado sobre o assunto – e adora explicar. Pode perguntar. Dá para tomar em taça (que varia de R$ 25 a R$ 50) ou em garrafa, que você escolhe diretamente na estante. Para comer, sempre alguma receita preparada por ela ou tábuas de queijos/terrine. Ambiente agradável, serviço amigável e atmosfera simples, descomplicada.
Os horários de abertura da loja também são informados pelo Instagram. E, o mais curioso, a escola de francês: Analu ensina a língua dando aula sobre vinhos!
Um dos meus lugares do coração.
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