Marisa Revoredo Campos é bióloga de formação mas sempre curtiu ficar entre panelas. Há mais de 20 anos tem o costume de cozinhar em casa para os amigos– estes, empolgadíssimos pelos jantares, viviam insistindo para que ela abrisse um restaurante. Demorou, mas ela comprou a idéia: a cerca de um ano inaugurou o Nicota, numa tranquila rua de Pinheiros. Tão tranquila, à noite, que você pode até passar pelo restauarante sem perceber.
A proposta de Marisa é justamente servir os clientes como se estivesse servindo os amigos: com simpatia, carinho e sem pretensão. Ela só faz pratos que gosta, mistura as culinárias francesa e brasileira e não segue nenhuma tendência gastronômica. A lei é ter prazer.
Comi um delicado salmão defumado servido com ótimos e pequeninos waffles salgados de batata e creme azedo sedoso. Garfei a polenta grelhada com anchovas, azeitonas pretas e molho de ervas da minha amiga: ótima. Durinha sem estar seca e um tantinho de queijo para realçar o sabor. Meu prato principal, apesar de apresentar cozimento perfeito, decepcionou pela falta de punch. Meio sem sabor… Arroz negro com fitas de chuchu, camarões grelhados e tomates concassé (R$ 45). Em compensação, o dela estava muito bom: maciíssimo mignon suíno servido com purê de pupunha, farofa, espinafre levemente escaldado e molho de tamarindo (R$ 38).
De sobremesa fomos de torta de chocolate belga ao perfume de cardamomo e sorvete de cupuaçu (R$ 14). A torta poderia ser mais macia e aerada, apesar do sabor estar impecável, mas justiça seja feita: ficou incrível com o amargor do cupuaçu.
No almoço, o prato do dia custa R$ 30.
AMEI a decoração feminina e retrô do salão, projetada por Marcelo Rosenbaum. Chamas de velas trepidam sobre as mesas; a água é servida em belas garrafas garimpadas em Paris; postais do início do século XX da avó de Marisa (a Nicota) decoram lustre e paredes. Achei bem romântico.
Nicota: Rua Costa Carvalho, 72, Pinheiros, (11) 3031-6172
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