Estou indo mais ao Rio. Há anos vou a trabalho no esquema “chega correndo, faz o que tem que fazer, como qualquer coisa e volta”, não conhecendo nada além do aeroporto e do taxista. Por isso mesmo me programei para conhecer melhor a cidade nos próximos meses. Na minha última visita, fui com amigos queridos a um bar sobre o qual já tinha ouvido falar maravilhas mas jamais passara sequer perto: Aconchego Carioca, na Praça da Bandeira.
A ocasião era especial: a cozinheira e proprietária, Kátia, recebia Eliane André, da paulistana Casa da Li, e sua famosa porchetta. A partir de dezembro, todo primeira sábado do mês, Katia servirá o prato de porco no Aconchego. Voltando: a primeira coisa que provei foi um bolinho que Kátia tinha criado naquela manhã e só serviu naquele dia: massa de feijão branco recheada com porchetta desfiada, acompanhada de molho potente e bem reduzido feito com cebola e cerveja Paulistânia escura “em homenagem a Li”, segundo a cozinheira. Ali já me encantei- fritura sequíssima, camada externa fina e absolutamente crocante, recheio cremoso. Bastou para que eu pegasse o cardápio e pedisse o famosíssimo e aparentemente estranho Bolinho de feijoada (4 unidades, R$ 19) acompanhado de uma belíssima Falke Bier Ouro Preto- o menu de cervejas do Aconchego é vasto, com ótimos rótulos artesanais nacionais e importados de vários países.
Antes da porção de bolinhos moldados com feijão preto, recheados com couve e acompanhados de torresminhos perfeitos chegar, fiquei ouvindo Kátia: engraçada, evidentemente apaixonada pelo que faz, extrovertida, desbocada e autêntica (seu jeito despachado, aliado a seu talento gritante, conquistou muitos clientes famosos, entre eles a família Troisgros: hoje em dia, ela e Claude são ótimos amigos).
E então, quando meu pedido veio, acompanhado de outra porção de Bolinho de banana da terra com camarão (6 unidades, R$ 20), só pude exclamar: “que tesão”.
Sim, os bolinho de Kátia são um tesão. Não é a toa que seu bar vive lotado. Cheio pacas. Por isso o legal é chegar cedo e pegar uma das mesas no pátio do fundo- são mais espaçosas e arejadas que as do salão interno.
Uma vez acomodado, peça uma Rauchbier, da Bamberg, e faça a sequência que eu fi (s0brevivi, apesar de ter ficado “perda total” o resto do dia…): bolinho de aipim com bobozinho de camarão (6 unidades, R$ 25), Bolinho de feijão branco com rabada (6 unidades, R$ 20), o divertido e gostoso P.F.inho– bolinho de arroz e feijão recheado com ovo de codorna e acompanhado de molho de carne moída (6 unidades, R$ 20)-, e as almofadinhas de queijo coalho com tapioca (6 unidades, R$ 20). Confesso que meu fígado deu uma gritada- quase não como fritura e tomei uma overdose-, mas tava tão bom…
Sobremesa? Arrume um lugar no estômago e cure a bebedeira com os bons pra cacete palitos de queijo coalho fritos acompanhados por goiabada cremosa (R$13,50) e, suprema alegria, o pudim de tapioca com leite de coco e calda de cachaça com melado (R$ 10).
Bolinhada no Aconchego Carioca: taí um programa carioca pelo qual caí de amores.
Aconchego Carioca: R. Barão de Iguatemi 379, Pça da Bandeira, Rio de Janeiro, tel: 21 2273-1035
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