ESTABELECIMENTO FECHADO
Sou fã do Le French Bazar: acho a cozinha dos jovens chefs Beto Tempel e Dudu Borger vigorosa, criativa e, acima de tudo, muito boa. Ao saber que eles abririam, ainda este ano, um bar com pegada gastronômica (ou seja, comida e bebida de primeira) achei ótimo: a Vila Madalena ganharia uma casa sem pagode, sem sertanejo, sem pastel de queijo e com bom gosto.
Há uma semana, o Back GastroBar foi inaugurado no endereço que, um dia, abrigou o Di Lounge e o UMA Refeitório, nos fundos da loja de roupa UMA– os fundos mais bacanudos de Vila, aliás–, o Back tem área externa deliciosa, cheia de ombrelones e mesinhas.
Aberto até duas ou três da manhã aos finais de semana e até uma e meia durante a semana, o Back misturou ótima cozinha com toques asiáticos, carta de cervejas especiais, decoração simples e agradável, som bom e frequência que dá ao lugar um constante clima de festa. Festa de amigos, daquelas que não dá vontade de ir embora.
Fui lá em um domingo mega ensolarado e quente feito o inferno. Para apagar as labaredas na minha espinha, pedi logo de cara uma jarra de clericot de vinho rosé (R$ 54) que veio geladinha, repletas de pedacinhos de kiwi, maçã, pera, abacaxi e uva madurinhas. Em 15 minutos, vi meu copo esvaziar umas quatro vezes.
Como a casa abriu há apenas uma semana, ainda está funcionando em soft opening e com cardápio restrito– ele terá o dobro do tamanho. Fiz errado em visitar logo na abertura, porque os estabelecimentos geralmente tem sérios problemas de serviço e na cozinha. Demora a azeitar. Fiquei bem impressionada em notar que esses problemas já não existem no Back– talvez pelo fato de terem trazido boa parte da afinada equipe do Le French Bazar para dar treinamento para os novos funcionários. E a cozinha… bom, relembrei porque sou fã da dupla de chefs na hora.
Todas as porções são servidas no centro da mesa, feitas para partilhar. A primeira que pedi foi a abóbora japonesa grelhada com queijo de cabra e espuma de alho assado (R$ 23). Em uma palavra: primorosa. Macia, com exterior torradinho na chapa, dulçor natural equilibradíssimo com o salgado do bom queijo e o toque arrebatador da espuma de alho assado. Na sequência, Costelinha de porco glaceada com laranja e gergelim (R$ 29) e batatas rústicas picantes (R$ 15) para acompanhar. A carne, muitíssimo bem temperada e macia, desmanchava ao toque do garfo e ficou perfeita com a batata gordinha, de casca crocante, temperada com pimenta vermelha japonesa (vendida em mercearias orientais, é um preparado de chili, casca de laranja, gergelim pretoe branco, sansho, gengibre, alga).
Mais um copo de clericot e… que tal o prime ribe? Acho que com aquele calor não conseguiria encarar 650 gramas de carne… Barriga de porco com molho roissim e sunomo, talvez? Não, algo mais leve. Taí: Rock Tempurá (R$ 36). Os tenros pedacinhos de camarão são empanados com ovas e salsa de wasabi e fritos, resultando numa porção altamente viciante. Sei lá, mas acho que vai virar a marca registrada do bar. Nas próximas semanas, o Back aumentará sua parte de “mercearia”, oferecendo vários tipo de queijos– como feta importado, Prima donna, camembert de cabra– e frios especiais.
Para sobremesa, milkshake de pistache (R$ 16), daqueles encorpados, com zilhões de pedaços reais de pistache e não aroma artificial, como se vê muito por aí. Aliás, eu sempre tomei milkshake como sobremesa: sou incapaz de matar um hambúrguer, por exemplo, junto com meio litro de sorvete.
Agora só estou esperando pra saber quando o cardápio definitivo começa a ser servido para voltar. E tomar mais uma jarra interinha de clericot nesse calor senegalês.
Back Gastrobar: Rua Girassol, 273, Vila Madalena, São Paulo
Comente
Seja bem-vindo, sua opinião é importante. Comentários ofensivos serão reprovados