Nos últimos anos, vodca tornou-se uma bebida bem consumida no Brasil. Baladeiros adoram – é base neutra pra misturar energético, suco, refrigerante. Também dominou o mercado de caipirinhas por, de novo, ter sabor menos presente que a brasileira cachaça.
Entre aqueles que procuram qualidade e não quantidade, aumentou a demanda por marcas premium e super premium, para serem tomadas puras ou como base de bons coquetéis – a maneira que mais adoro (quem costuma ler o Gastrolândia ou me seguir no Instagram sabe como curto coquetelaria).
Vodca também virou sinal de status: não são apenas garrafas de uísque que viram atração principal na mesa de lugares bacanudos. Mas, vem cá, você realmente sabe o que toma? Eu tive o prazer de, há dois anos, visitar a produção da minha vodca favorita, a Ketel One, produzida a base de trigo.
A destilaria é situada em Schiedam, cidade ao lado de Roterdã, na Holanda. O que vi foram mitos caindo –como a o papinho furado de algumas marcas sobre uso de ‘água das montanhas imaculadas da costa virgem do Alaska’ (a real é que o que dá sabor não desejado no destilado são os minerais na água, que são completamente retirados através do sistema de osmose inversa; ou seja, fica apenas h20, por isso não há lá muita diferença na procedência) – e como uma marca cria personalidade e, com ela, atrai o público desejado.
Pois bem, a bebida nascida no século XII entre Rússia e Polônia (até hoje os dois países discutem quem é o pai da criação) é erroneamente rotulada de sem gosto. Cada marca tem sabor distinto, sim. Basta uma degustação às cegas e você notará isso claramente.
Aliás, é bem divertido de se fazer em casa! Fizemos uma na destilaria de Ketel One: três copos foram dispostos para os presentes (em casa, não identifique nenhum e peça para os amigos descobrirem todos). No primeiro, o único identificado, Ketel One em temperatura ambiente para não ter o paladar e aroma rebaixados pelo resfriamento. Explico: assim como cerveja ruim, vodca ruim também é bebida geladíssima porque, desta forma, as papilas gustativas sofrem uma certa anestesia, além do fato de bebidas geladas deixarem o álcool menos evidente.
Todas tinham a mesma base, trigo, e a mesma temperatura. Sem diluição, para as notas alcoólicas serem comparadas. O que notei foi o frescor, o toque aveludado e o final sedoso da Ketel One; a presença excessiva do álcool da segunda; o sabor oleoso e desagradavelmente denso da terceira. Todas da mesma base, veja bem. Todas super premium. Mas um mundo de diferença…
Talvez essa diferença venha da experiência que a família Nolet tem em produzir destilados. São mais de 300 anos de história e onze gerações. A Ketel One, em específico, foi criada por Carolus Nolet, em 1983. E, até hoje, a família aprova toda a produção através de análise sensorial e química. Ah, sim, o Ketel One (alambique 1), no qual foi criada, até hoje está em funcionamento.
Se existe uma forma de nos certificarmos da qualidade do que consumimos é visitando o produtor: e isso vale para alfaces, chocolates, cervejas ou destilados. Consumir com conhecimento é sempre, sempre, sempre mais interessante.
Ficou com vontade de tomar um drinque? Aprenda este, mega fácil de ser feito em casa e bem refrescante.
Ingredientes
* 1 dose de vodca
* Suco de laranja a gosto
* Gelo
Como fazer
Coloque uma dose de vodca (aproximadamente 50ml – ou um copo de shot) e depois complete com suco de laranja (próximo de 150ml a 200ml, depende do seu gosto) e adicione o gelo. Mexa e sirva.
Comente
Seja bem-vindo, sua opinião é importante. Comentários ofensivos serão reprovados