Centenas de rótulos de cervejas de várias partes do mundo. Dezenas de rótulos de cervejarias artesanais brasileiras. Balcões, geladeiras, estantes, caixas no chão: tudo repleto de cerveja. Mais de dez rótulos de chopes todos os dias. Essa descrição aí se encaixaria lindamente em um capítulo do “Paraíso segundo Ailin”. Se eu gosto do Empório Alto de Pinheiros? Opa, bastante.
Aberto há cerca de quatro anos como um restaurante cuja intenção era atender a demanda constante dos escritórios da região, o Empório tinha uma bela cozinha e uma rotisserie bem da gostosa.
O problema é que muitos outros estabelecimentos abriram ao mesmo tempo por ali e o negócio ficou complicado, competitivo demais. A qualidade da comida começou a derrapar e… os donos tiveram a melhor ideia que poderiam: embarcar no negócio crescente da cerveja de qualidade. A parede, antes forrada de bolachas da Suécia, maple do Canadá, pastas secas da Itália, hoje tem cerveja. Ponto.
Os pratos continuam no cardápio, mas o que sai mesmo são os petiscos, servidos em porções imensas, como o bolinho de mandioca assado e recheado com queijo (R$ 14, um híbrido de pão de queijo com biscoito de polvilho), as mini kaftas de cordeiro (R$ 18), as empadas de palmito (R$ 14), e uma variedade de sanduíches (salmão defumado com cream cheese e cebolinha no pão preto, R$ 24).
Tá certo que ainda não temos nenhuma loja/empório/birreria como na Europa ou nos EUA, com profissionais bem treinados para falar sobre os rótulos com propriedade – sinto bastante falta disso no Empório, aliás – , mas a casa conseguiu preencher uma lacuna brava em São Paulo: oferecer variedade com regularidade.
A frequência é de adultos: adolescentes não costumam ter grana nem paladar para tomar um copo de Anderson Valley Mowkeef Saisonale por R$21 ou uma fantástica Rogue John John Ale (fermentada com avelãs e envelhecidas em barris de rum, me lembra muito uma sour beer) por R$ 55 a garrafa. Ainda bem, porque dá para conversar sem ouvir gritaria nem taque histérico de perua bêbada.
Mas não se assuste com os valores, porque nem todos são altos. Como disse, a variedade é grande e dá pra tomar chopes que começam em R$ 5 e cervejas, em R$ 7. Também é possível pedir uma belga Deus por R$ 195 ou uma incrível brasileira Vivre, da Falk Bier, feita de jabuticaba, por R$ 200. Tudo vai do seu paladar e da fatura do cartão. Porque, olha, é praticamente impossível sair de lá sem levar uma meia dúzia de garrafas pra casa.
Para mim, aquilo é praticamente a Disney.
Separe uma noite da sua semana, chame uns amigos e vá lá com calma e disposto a provar um pouco de muitas coisas. Porque é só assim que passamos a saber o que gostamos. Deixe a ingestão de litros para aqueles que ainda não descobriram que a graça da vida está na qualidade, não na quantidade.
Empório Alto de Pinheiros: Rua Vupabussu, 305, Pinheiros, tel.: 3031-4328
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