Guilhotina: coquetéis tropicais, criativos e de qualidade

Mr. Funk: vodca com semente de coentro, hortelã, manjericão, maracujá, limão, mel, tintura de pimentas e própolis

Mr. Funk: vodca com semente de coentro, hortelã, manjericão, maracujá, limão, mel, tintura de pimentas e própolis

Bons coquetéis não precisam ser amargos.
Não precisam ser minimalistas.
Não precisam ter gelo feito com água do pico mais alto do Butão e esculpido por padres eslovacos.
O que bons coquetéis precisam é de bebidas de qualidade e bartender que tenha conhecimento de processos de produção dos seus insumos, entenda que seu trabalho também é gastronomia e possua técnica.

No novo Guilhotina nota-se exatamente isso: como talento, anos de prática (no Brasil e exterior), aproximação com a cozinha e constante aprimoramento são libertadores e produzem drinques divertidos, criativos e deliciosos. Menos pompa e mais sabor.
Balcão do novo Guilhotina Bar, em Pinheiros

Balcão do novo Guilhotina Bar, em Pinheiros

Sob o comando do experiente bartender Marcio Silva, também sócio da casa, o Guilhotina aposta em uma vertente de coquetelaria tão odiada quanto desconhecida dos brasileiros: os tropicais. Nem pense em batidas, creme de leite e afins: palavra ‘tropical’ tem, ali, a conotação de frescor, leveza, uso farto de frutas e ervas. O que faz absoluto sentido num país com abundância de ingredientes sensacionais (como pensar na criação de uma identidade para a coquetelaria brasileira se nos apegamos a negronis e gin tônicas?) e que tanto encantam profissionais gringos. Somos uma gama de sabores tão ampla quanto inexplorada – por nós mesmos.

Ponto G e Classy as F**k: exemplo de drinques frescos, tropicais, criativos e bem executados no Guilhotina

Ponto G e Classy as F**k: exemplo de drinques frescos, tropicais, criativos e bem executados no Guilhotina

Márcio também produz a maioria dos seus xaropes, tinturas e licores. Há vantagem nisso? Opa, se há. Além de diminuir custos com itens importados, ele também cria sua impressão digital nas bebidas com nuances de sabor que ninguém consegue replicar. Nada substitui o resultado obtido de um ingrediente natural…

Meu drinque favorito no Guilhotina bar: Elixir clarificado Milk Punch: mix de destilados de cana (rum e cachaça), pimento, licor de ervas, abacaxi, água de coco, lichia, cítrico e especiarias clarificado no leite

Meu drinque favorito no Guilhotina bar: Elixir clarificado Milk Punch: mix de destilados de cana (rum e cachaça), pimento, licor de ervas, abacaxi, água de coco, lichia, cítrico e especiarias clarificado no leite

A carta conta, atualmente, com quinze coquetéis autorais (R$ 29, cada). Meu preferido, entre tantos que gostei, é o incrível Milk Punch. Márcio mistura rum e cachaça, licor de ervas artesanal, abacaxi, água de coco, lichia, cítricos e especiarias e, então, adiciona leite. Sim, leite. Depois de um tempo, o líquido se separa da nata. O próximo passo é descartar a nata, coar o líquido numa peneira (daquelas de preparar queijo) e obter uma bebida límpida, cremosa, complexa. Técnica antiquíssima e pouquíssimo utilizada atualmente.

Das poucas e bem feitas opções de petiscos do Guilhotina: sanduba de barriga de porco e maionese verde

Das poucas e bem feitas opções de petiscos do Guilhotina: sanduba de barriga de porco e maionese verde

Outras ótimas criações são o Chora, Me liga – que leva ‘aquavit’ feita com base de cachaça, cítricos, especiarias e creme de pitaia – e a Piña (des)colada, versão sem coco da caribenha Pinã Colada, com uso de rum com abacaxi, absinto, limão e açúcar demerara.

O Mr. Funk (vodca com semente de coentro, hortelã, manjericão, maracujá, limão, mel, tintura de pimentas e própolis) e o Ponto G (vodca com chá verde e capim santo, licor de ervas, maçã, limão tahiti, bitters) refrescam qualquer cabeça quente.

Piña (des)colada e Chora, me Liga: drinques do novo Guilhotina Bar

Piña (des)colada e Chora, me Liga: drinques do novo Guilhotina Bar

A cozinha claramente não é o foco do Guilhotina: as opções são poucas e simples, porém bem feitas. As comidinhas mais pedidas são o sanduba de barriga de porco com maionese verde (R$ 24) e a Pizza Chena que é, na real, uma tortinha de massa finíssima recheada por fatias de batata, queijo meia cura e salame (R$ 27).

O Guilhotina dá um chute no excesso de pompa etílica com qualidade e bom humor. Por que, afinal, beber bem não pode ser chato.

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