Em São Paulo, por décadas, noodles e lamens (ou ramens) ficaram restritos à estabelecimentos no bairro da Liberdade, como os tradicionais Aska e Lamen Kazu. Fora isso, apareciam eventualmente no menu de um ou outro restaurante quando o inverno chegava: sendo usual consumi-los mergulhados em caldo quente, a baixa temperatura trazia a ‘desculpa’ perfeita.
Há cerca de um ano e meio (seguindo a tendência de Paris, Londres e Nova York), começaram a aparecer casas especializadas em outras áreas de São Paulo – caso do ótimo 2nd Floor Noodle Bar, na Vila Clementino (leia AQUI o post) -, além de serem incluídos em cardápios variados, como o da Casa do Porco. Mas foi no final de 2015 que o noodle e o lámen viraram moda paulistana com a abertura do Hirá e do TanTan Noodle Bar, ambos na mesma rua de Pinheiros, a Fradique Coutinho.
Passe a qualquer hora em que o TanTan esteja funcionando e a visão será a mesma: dezenas de pessoas aglomerando-se na calçada, encarando filas de espera de mais de uma hora. O minúsculo bar do chef Thiago Bañares tornou-se um imenso sucesso.
Se for encarar o filão, aproveite para tomar os bem feitos drinques da casa como o leve Hakuna Matata (rum, fernet, mel e limão, R$ 18), o refrescante e equilibrado Gin e Tonic Tea (gin, tonica, chá branco, hortelã e grapefruit), o Gojira (shochu de batata doce, suco de limão e gingerbeer) ou o Lexington (bourbon, vermouth, absinto, Laphroaig e bitter) – todos vendidos ao valor de R$ 27.
Enquanto espera para sentar ao balcão – e observar o movimento da cozinha – ou em alguma das cinco mesas, aproveite para forrar o estômago com as porções. Entre elas, delicadíssimo Gyoza de carne suína, repolho e nirá (R$ 15, porção com 4 unidades), Kaarage de Copa (em português, lombo suíno empanado e frito, R$ 21) e tempurá do dia, que muda de acordo com a oferta sazonal de legumes e verduras e podem trazer quiabo, broto de chuchu, entre outros (R$ 20).
Na seção principal, as massas dividem-se em noodles (sem caldo) e ramens (com caldo). Entre os noodles – que assim como o resto do menu, mudam diariamente – há o Yakimen (macarrão de ramen, ou lamen, com lombo, broto de feijão e acelga chinesa ao molho de maçã e legumes, R$30), o Suyaki (massa de ramen tostada, broto de feijão e cebolinha na wok com molho inglês e pimenta do reino, R$ 26) e Mazemen (udon – massa mais larga que o ramen, feita de trigo sarraceno-, lascas de bonito fermentado e em conserva, nabo, cebolinha e pequenos pedaços de massas crocante, servido frio, R$ 34). Provei três e senti uma certa falta de poder de sabor em todos…
Os ramens saem-se melhor.
Se você já viu alguma foto deles no Instagram, notará que a galera se empolga com o ovo de gema cremosa, mostrado nas imagens de maneira bem gastropornográfica. Consumindo quase 24 horas para ficar pronto, o ovo é cozido, encara um choque térmico e marina de um dia pro outro em shoyu e gengibre. Então, está pronto para as fotos.
O ramen mais tradicional é o Shoyu: o macarrão vem mergulhado em sedoso caldo base de galinha caipira, acompanhado por shoyu, lombo, ovo, cebolinha, alga nori e naruto, pasta de peixe cozida no vapor e cortada em fatias, R$ 32). O tantan leva caldo base, pimenta, copa moída, ovo e cebolinha (R$ 30) e o Karê vem com macarrão, lombo, curry, alho tostado, ovo e cebolinha mergulhados no caldo (R$ 34).
Não peça sobremesa a não ser que ame açúcar mais do que a própria vida: a raspadinha, que tem tudo para ser leve e fresca, torna-se um petardo calórico ao ser coberta por litros de leite condensando com chá verde ou morango (R$ 15)
Ah, como a maior parte dos ingredientes que descrevem os pratos estão em japonês, não fique tímido em chamar o garçom quantas vezes precisar – o que seria desnecessário com o simples uso de parênteses trazendo a tradução do termo.
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