Tem petit gateau de verdade, daqueles com recheio mega cremoso, assado na hora, feito com chocolate 75% cacau adoçado com açúcar de coco. Tem brigadeiro de chocolate 100% cacau coberto por nibs, algo que deixa bem evidente a doçura e gordura excessiva daqueles que estamos habituados a consumir. Tem biscoito de jatobá recheado por chocolate 70%. Só tem alegria essa nova Casa do Sabor da AMMA, inaugurada em São Paulo.
Mas vamos começar pelo começo.
O Brasil – ao lado de Costa do Marfim, Indonésia, Equador, Togo e México -, é um dos maiores produtores de cacau do mundo. Apesar disso, consumimos chocolates de baixa qualidade, repletos de gordura, açúcar e com muito pouco cacau. Daí os belgas e franceses compram as melhores frutas (às vezes misturam com outras mais ou menos para diluir o custo), transformam em bombons bonitinhos e exportam pra todo o planeta. Pra piorar, existem grandes multinacionais do setor que usam, na África, trabalho infantil escravo na colheita do cacau, como pode ser visto NESTE documentário. Mundo não muito doce, esse…
A boa notícia é que o mesmo processo de qualificação que aconteceu com o café – do qual também somos um dos maiores produtores mundiais mas só recentemente começamos a investir pesado em pesquisa e qualidade do grão para consumo interno – começa a rolar com o cacau. E não seria exagero afirmar que Diego Badaró, quinta geração de cacauicultores da Bahia, é um dos grandes responsáveis pelo arranque de qualidade do chocolate nacional.
Sua marca, a AMMA, já é reconhecida no exterior como uma das mais interessantes do planeta e passou a integrar o livro Chocolate Unwrapped – taste and enjoy the world’s finest chocolate, de Sarah Jane Evans, publicação que lista os melhores chocolates premium do mundo.
A alta qualidade dos produtos começa no cuidado com o plantio, passa pelo delicado manuseio da fruta e termina no fato de compartilhar quase 50% dos lucros com os trabalhadores e ter a produção inteira calcada na sustentabilidade, com painéis solares para geração de energia elétrica até plantação de árvores que irão fornecer o papel para as embalagens dos produtos.
TODA a produção da AMMA vem de fazendas próprias e é 100% orgânica. “Cacaueiros orgânicos são mais resistentes a doenças. Compare a uma pessoa que tome muitos antibióticos: seu corpo perde imunidade e os antibióticos perdem efeito com o uso contínuo. Com a terra é a mesma coisa”, diz Diego.
Então, para colocar mais gente em contato com os produtos e começar um trabalho de informação, com oficinas sobre produção de chocolate, cacau e todo o processo de produção sustentável, Diego acaba de abrir a Casa do Sabor AMMA.
No belo espaço, o cliente pode comprar as barras (entre R$ 16 e R$ 18), ler os livros dispostos sobre a mesa comunitária, comer delícias produzidas com as excelentes matérias-primas e tomar café Terroá. Recomendo provar o delicado chá de nibs com cardamomo e os bolinhos de estudantes assados acompanhados por chocolate morno e se jogar no produto da marca que mais adoro, o Theobroma Grandiflorum.
Fabricado através do mesmo método do chocolate, usa como matéria-prima a amêndoa do cupuaçu, em concentração de 80%, e NADA de cacau. O sabor do Theobroma Grandiflorum é frutado, fresco, trazendo notas de maracujá e preservando muito o sabor do próprio cupuaçu. Naturalmente mais cremoso, contém 30% mais manteiga que o cacau.
Além dos itens já descritos, há pain au chocolat, chocolate quente e, em breve, suco de polpa de cacau e cupuaçu. Taí um lugar, literalmente, gostoso.
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