Não sou da turma que prega a demonização do trigo e atribui todos os males da dieta moderna ao glúten – isso é uma maneira rasa e tola de encarar as questões alimentícias modernas e os problemas derivados delas. É o tipo de modismo que será rechaçado como foi o ataque ao ovos, a manteiga, a gordura…
Mas penso, sim, que devamos comer de forma mais variada e sazonal possível, sem excesso de nada (incluo aqui os processados, trigo, milho, açúcar, carne) e com abundância de alimentos limpos (orgânicos, biodinâmicos, provenientes de sistema de agrofloresta). Por isso acho bacana empreendimentos como a nova padaria Grão Fino.
Na Grão Fino consegue-se fazer saborosos pães sem farinha de trigo (usa-se farinhas de amêndoas, arroz, coco, painço, girassol, grão de bico) e doces bem gostosos sem lactose (o que tem de leite vegetal bom!). Pena que ovos, frango e vegetais não são orgânicos – por que se o negócio é vender saúde, não tem sentido nenhum trabalhar com frango de granja e verduras com agrotóxicos…
Há pão de forma branco com farinha de painço, grão de bico e psyllium; de hambúrguer com fécula de mandioca e farinha de amêndoas; rústico com farinhas de linhaça e trigo sarraceno, chia figo e nozes, entre outros. Claro que não dá para esperar a maciez e alvéolos do pão tradicional, porque o responsável pela elasticidade da massa e a manutenção do ar dentro dela é justamente o glúten, essa proteína tão sujeita a bullying. Mesmo assim, no geral, o resultado dos pães da Grão Fino são bons, tanto no sabor quanto na textura, apesar de sempre lembrarem mais um bolo, por conta… da ausência do glúten.
É possível tomar café da manhã, almoçar e fazer um lanche durante a tarde. Para começar o dia, prove o “pão de queijo… só que não”, agradável receita que leva polvilho azedo, batata doce, chia e azeite (R$ 5,50), a taça de iogurte de leite de castanha de caju com frutas (R$ 15), o pão na chapa com ghee ou azeite (R$ 7) e o café com leite de castanha de caju ou amendoim (R$ 6,80).
O menu do almoço inclui bons sanduíches como o que traz pão de hambúrguer com cubos de frango com cúrcuma, tomate cereja, rúcula e maionese artesanal de coco e curry (R$ 23) e o hambúrguer de quinoa e grão de bico – precisaria de textura mais firme – tomate, cebola, catchup e maionese de painço artesanais (R$ 25).
Entre os pratos, quibe de abóbora com trigo sarraceno e abóbora (R$ 29), risoto de arroz negro com alho poró, shimeji e castanha de cajú (R$ 29) e salada grega (R$ 23).
Ali, não pule as sobremesas jamais: são a melhor parte da casa. Delicioso, o bolo brigadeiro é feito com chocolate 75% cacau, leite condensado de amêndoas e massa a base de farinha de arroz (R$ 15). Cremosona e pouco doce, o Frasier de fava de baunilha e morango tem massa fofa de farinha de amêndoas, creme denso de leite condensado de amêndoas com baunilha e casquinha de chocolate amargo (R$ 15).
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