Os empreendimentos de Victor Sobral (um dos mais renomados e internacionais chefs portugueses) e do restaurateur Edrey Momo são casos de sucessos de longa duração, vide a Tasca da Esquina e Taberna da Esquina. Agora, para engrossar a lista dos bons endereços portugueses modernos em São Paulo – por que nem só de bacalhau à Bráz vive a gastronomia daquele país -, a dupla acaba de abrir a Padaria da Esquina, nos Jardins.
A Padaria da Esquina resgata a panificação portuguesa artesanal, aquela que existia em São Paulo há décadas, antes das padarias paulistanas se transformarem em mercados vende-tudo de qualidade aquém da mediana. Ali, nada de pré-mistura: os pães são feitos do zero e fermentados naturalmente. Vitor Sobral sabe que tempo (leia-se “fermentação bem feita”) é tão essencial a um bom pão quanto insumos de qualidade.
E nem peça pão francês: não tem. O que tem são belezas portuguesas desconhecidas por aqui como o Mouro (farinha integral, linhaça, gergelim e girassol), o Salojo (pão rústico com alta porcentagem de centeio), o Caco (massa de batata doce), o Mafra, o Frapinha… Tendo dúvidas sobre eles, basta olhar a lousa que traz pequena descrição de cada um ou perguntar os detalhes aos atendentes.
Os pães são a alma do lugar, sem dúvida, mas o menu oferece também sucos, cafés, iogurtes, vitaminas, tostadas, tibornas, ovos, sandes, pratos, doces. É grande, apetitoso e contempla qualquer fome, do café da manhã ao jantar.
Durante todo o dia há 0vos são em seis versões (omelete, omelete de claras, omelete com tomate, presunto e queijo, mexidos, mexidos com tomate e cebola e estrelados com bacon) em valores que vão de R$ 12 até R$ 18. Tibornas – parecidas com as bruschettas italianas e as tartines francesas – são uma opção bem interessante de almoço rápido, caso da Tiborna de bacalhau com espinafre, palmito pupunha, tomate assado, azeitonas e queijo meia cura, R$ 21) e a de Legumes (cogumelos, berinjela, tomate assado, abobrinha, queijo minas, R$ 18).
Na lista de sanduíches (quentes e frios), aconselho o excelente hambúrguer da casa – suculento burger de frango, novilho e farinheira, embutido português de carne de porco – com cogumelos e cebola refogada no macio pão d’Água (R$ 26). O Cachorro da Esquina é montado com linguiça portuguesa e refogado de cebola e tomate, acompanhado por picles e mostarda (R$ 19).
Os doces… ah, os doces. São quase três dezenas de itens da doçaria típica – repletos de gemas e açúcar – divididos em Do Pasteleiro, do Padeiro e do Cozinheiro.
Os Do Pasteleiro (ou doceiro), incluem clássicos como Pastel de Nata (R$ 6,80), Pastel de Feijão do Convento de São Bento (R$ 6,40), Queijada de Laranja (R$ 4,90), Folhado do Porto (R$ 6,30). Entre os Do Padeiro – majoritariamente compostos por massa – estão Bolo de Arroz (R$ 6,50), Trança com creme de ovos (R$ 7,50) e a deliciosa Bola de Berlim (R$ 7,50), o equivalente português ao nosso sonho, de massa mais aerada e amanteigada e também assada e frita. Os Do Cozinheiro contemplam preparos de mais complexos, caso do Pudim Abade de Priscos (R$ 12), Pudim de azeite e mel (R$ 11), toucinho do céu com amendoim (R$ 9,80) e papos de anjo (R$ 10,80).
São Paulo ganhou uma bela padaria, que tem sua essência na produção artesanal de pães e doces de qualidade. Mas confesso uma tristeza: não ter Francesinha no cardápio…
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Atualizado em 7/09/2016
Atendendo a pedidos, a Padaria da Esquina inclui Francesinha no menu! A versão do tradicional sanduíche da cidade do Porto inclui pão (textura macia de brioche), presunto, linguiça, rosbife, queijo meia cura, caldo de carne com tomate e ovo frito e custa R$ 26. Saboroso e bem servido, vale cada uma das muitas calorias.
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