Fazer um bom sanduíche não é empilhar ingredientes. Não é entuchar entre duas fatias de pão tudo o que há de mais ‘sedutoramente’ gordo: isso se chama doença cardíaca, não sanduíche.
Fazer um bom sanduíche – que seja considerado assim pelo seu resultado final equilibrado e não por ser uma bomba calórica de um metro de altura – exige conhecimento gastronômico e bom senso. E não é tão fácil assim de se encontrar.
O Blue Sandwich Market é um destes não-tão-comuns locais a oferecer bons sanduíches: e fica bem ao lado de outro, o primeiro e concorrido Z Deli. Em sua maioria, as criações da casa são cuidadosas e saborosas, além de primar por uso de ingredientes de qualidade, como os pães da Padaria Artesanal Orgânica e vegetais (em sua maioria, não totalidade: depende da sazonalidade) do produtor orgânico Fazenda Santa Adelaide.
ATUALIZADO EM 12/11: o proprietário da Santa Adelaide Orgânicos entrou em contato comigo esclarecendo que não é fornecedor do Blue – apesar do quadro com sua foto estar na parede da casa como exemplo de ação farm to table da lanchonete (o vi em minha visita de 07/11).
O menu tem hambúrgueres, claro, mas não para aí: há Roastbeef (tomate confit e queijo parmesão, aioli de dedo-de-moça; R$ 28), Milanesa (R$ 28), Gravlax (R$36). Prove o Brisket (R$ 28), peito de boi cozido em panela de ferro, desfiado e unido a molho barbecue. maionese da casa, alface, cebola e tomate no delicioso brioche, amanteigado sem excesso e que não desmantela até a última mordida.
O carro-chef é o sanduba de porchetta (R$ 32) – com pele lindamente pururucada – fatiada e colocada em ótima ciabatta. Sobre a carne, salada fresca e crocante com picles de pepino, cenoura, nabo, pimentão e maionese. Trata-se da versão do Blue do tradicional Bahn Mi vietnamita, que seria impecável caso o sabor do porco não tivesse sido ofuscado pelo excesso de salada.
As 3 versões de burgers são simples e bem feitas, caso do Blue (burger, queijo cabocó, folhas de beterraba, repolho roxo, redução de vinho tinto e maionese da casa, R$ 26) e do Red (burger, queijo cobocó, bacon, cebola caramelizada e maionese, R$ 28). O queijo cobocó é brasileiro, produzido com leite de vaca, de sabor e textura parecidas com a do queijo prato: mais um acerto do cardápio.
O deslize feio ficou por conta da única opção vegetariana, o Meatless (R$ 26). Shimeji, ovo cozido, tomate confit e couve foram absolutamente soterrados pelo dulçor excessivo da redução de balsâmico com vinho tinto. Virou quase uma sobremesa.
Não deixe de comer as gordas e sequinhas fritas – continuo achando importantíssimo boas lanchonetes não servirem batatas industrializadas – como a Rustic (R$ 14), que mistura batata doce e inglesa como alecrim e alho. Os bolinhos de espinafre (R$ 18) com (pouquíssimo) queijo serra da canastra são outra sugestão.
Vale pedir a cerveja da casa (R$ 12), a Out of Blue, uma lager fácil de beber, produzida pela Cervejaria Dádiva.
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