ESTABELECIMENTO FECHADO
A moda das tapas não passa. No caso de São Paulo, só fica mais intensa. Há cerca de trinta dias o Venga! foi inaugurado na Vila Madalena; agora é a vez do Alma María. Ao contrário do primeiro, bonito porém desencanado, o Alma María não tem cara nem vocação de bar: o lindo projeto arquitetônico, assinado por Arthur Casas, tem entrada com pé direito altíssimo, longa e extensa parede decorada com itens coloridos desconexos; mobiliário moderno, sem excessos, e adega vertical; o ponto escolhido foi a Oscar Freire, em frente ao Hotel Emiliano; o menu traz mais de vinte opções de tapas, além de alguns pratos principais (bacalhau com pimentão vermelho assado, caldo de marisco e azeitonas; R$ 59, costelas de cabrito empanadas com molho de menta; R$ 38); o atendimento, profissional e atencioso. Lugar para atrair gente endinheirada com gosto por refeições longas e, por que não, divertidas.
O cardápio inicia com as porções individuais chamadas de Montaditos- espécies de bruschettas espanholas, montadas sobre fatias de pão. Muita bom o de cebola confitada, queijo azul e nozes caramelizadas, servido frio (R$ 6), e apetitoso o quente feito com filé mignon macio e alho frito em azeite, aromatizado com balsâmico (R$ 7). Há também porções de queijos e frios para dividir como a de queijo Manchego semi curado (R$ 30) e chorizo ibérico (R$ 27)- peça um vinho da boa e ampla carta de espanhóis, com preços que começam em R$ 80 a garrafa.
Então, as tapas. A cozinha do Alma María tem acento moderno, por isso não espere reprodução de pratos clássicos como o Pulpo a Gallega– lá, em vez de vir na chapa com tomate, batata e cebola, o polvo é colocado sobre uma massa de batata assada com Pimentón a La Vera e salpicado com páprica (R$ 21, três unidades). Bom, mas não empolga por não ter a pujança da versão tradicional.
Infinitamente mais interessante a Esqueixada, servida fria, composta por ótimo bacalhau cru desfiado, tomates e azeitonas pretas amassadas, regado com azeite de excelente qualidade (R$ 24). Em vez das Patatas Bravas (R$ 12) de sempre, provei as papas arrugadas com molho picón, batatas grisette cozidas em sal grosso e servida com molho picante (R$ 15): super macias, tornam-se delicadamente apimentadas quando besuntadas em seu acompanhamento.
Não ignore a seção do menu dedicada às especialidades da casa como a boa tapa de peito de galinha d’angola cozido em baixa temperatura com molho de mostarda e amêndoas (R$ 16). Não rolava mais espaço no estomâgo, mas bem que fiquei com vontade de provar o Foie al soplete en colores, terrine de foie gras caramelizado com redução de laranja, pimentão e Vinagre de Módena (R$ 56).
Ignore os fideuás sem peso na consciência: tem péssimo custo-benefício apesar de bem feitos e temperados. O meu, de lagosta, veio com um pedaço tímido de dar dó… e o resto do prato era só capellini. Gastar R$ 44 nele foi desperdício de grana.
Outra decepção foram as sobremesas, completamente insossas como o creme de abacate com banana frita e um bolo de chocolate com banana que mais se parecia com uma esponja marrom, acompanhado de sorvete de chocolate sendo que, no menu, dizia que era de baunilha. O detalhe é que cada uma custa R$ 18. E, cuidado: o serviço, que quase ninguém confere, é de 12%.
Alma María: Rua Oscar Freire, 439, Jardins, tel.: 3064-0047
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