Biboca: comida brasileira moderninha e miscigenada

Risoto de coco com tempurá de lagostins e azeite de gengibre

Encostos dos sofás forrados com sacos de café, paredes inteiras decoradas com madeira de caixas de vinhos, sucos servidos em garrafinhas antigas de refrigerante, U2 no som ambiente. O simpático salão do Biboca, aberto há menos de dois meses nos Jardins, tem clima moderninho e desencanado, assim como sua cozinha. Concebido pelos chefs Pascoal Chung e Daniel Oppenheim– que já trabalharam em vários lugares do mundo como Austrália e Ilhas Caymann– a casa tem menu brasileiro realizado com influências de outras gastronomias, como a asiática.

Tagliatelle com ragu de rabada ao vinho com pesto de agrião e chantilly de raiz forte

Depois de dar um golão feliz no delicioso suco de jaboticaba, abri a refeição com as Almôndegas de peixe acompanhas de maionese de curry (R$ 19). As bolinhas de fritura sequinha tinham sabor equilibrado e “cresciam” ainda mais com a delicada maionese que não chutava o balde no uso do condimento (coisa tãããão habitual). Fiquei curiosa com o bolinho de arroz com molho de jabuticaba com feijão (R$ 16) e com a Tortinha de Escondidinho (R$16)  mas acabei me rendendo aos encantos da costelinha. No Biboca, ela é caramelizada com coca cola e vem com um bom vinagrete de ameixa (R$ 20)– o sabor do refrigerante desaparece, deixando apenas uma acidez leve.  Ah, sim: a carne estava bem macia.

Almôndegas de peixe com maionese de curry

Entre os pratos principais divididos em “Do Ar, Da Terra e Do Mar”, fui de algo beeeem brasileiro: arroz de coco. No caso, Risoto de coco com tempurá de lagostins e azeite de gengibre (R$ 47). Os dois pequenos pedaços de lagostins vieram perfeitos no cozimento e com casquinha super crocante. Não tão incrível estava o bem feito arroz que deixou a desejar no uso de temperos– com as garfadas, o prato dava uma “enchida” pela monotonia do sabor coquento (as raspas largas de coco que acompanhavam ajudavam a exagerar).

Salão do Biboca

Confesso não ter sentido, nem de longe, o azeite de gengibre. O tagliatelle com ragu de rabada ao vinho com pesto de agrião e chantilly de raiz forte (R$ 39) surpreendeu: toque intenso e amargo do agrião quebrou a gordura da rabada, resultando numa mistura bem interessante que ficaria ainda melhor se o molho fosse mais denso. O único senão foi a temperatura: tudo chegou morno… Numa próxima, quero provar o fish and chips acompanhado de molho tártaro de papaia verde e geléia de pimenta (R$ 36).

Degustação de três mini-sobremesas: pavlova, pudim de arroz split e delicinhas de chocolate com capuccino

Para sobremesa, fui na degustação de três especialidades (R$ 25). O Pudim de arroz split (arroz doce, creme de banana assada, farofa de paçoca e cobertura) estava gostosinho mas meio pesado; muito mais bonito fez a “torre” de chocolate feita de bolo de chocolate, ganache de chocolate meio amargo e creme de capuccino; não vi a menor graça na mini-pavlova (suspiro, chantilly e geléia de pimenta). Como amo tarte tatin (a minha preferida é do Chef Rouge), tenho que voltar lá para provar a lúdica Tarte tatin de mação do amor (R$ 15).

Tenho a impressão que o Biboca é o tipo de restaurante que ficará bem melhor com o tempo e com os devidos acertos. Potencial, tem.

Biboca: Alameda Lorena, 2128, Jardins, São Paulo, tel.: 3062-9000

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