Bistrot Bagatelle: restaurante com alma de balada

Bom Croque Madame com fritas

Há alguns meses, na Rua Padre João Manuel, foi inaugurado o restaurante/lounge/bar-descolado/lugar-para-ver-e-ser-visto/onde-encontrar-modelos-e-Cayennes-estacionadas-na-porta, Brasserie Des Arts, filial da casa de mesmo nome na Riviera Francesa. Há algumas semanas, na mesma rua, outro estabelecimento do mesmíssimo estilo, o Bistrot Bagatelle – com endereços em Nova York, Los Angeles, Las Vegas, Miami e Turks e Caicos- entrou em funcionamento. A diferença é que o primeiro tem os melhores drinques da cidade, preparados pelo barman Marcelo Serrano.

Para compartilhar: “pizza” de creme fraiche e purê trufado

Mesas próximas, paredes claras em contrastes com modernos lustres, imensas pinturas de rostos de famosos como Marilyn Monroe, Kate Moss e David Bowie, serviço novato e ainda confusinho (apesar de gentil). No belo salão, clientes com looks que devem valer mais que o meu carro, meninas de salto tão alto que parecem a Torre Eiffel, garotões sarados em suas pólos justas, turmas ruidosas comentando sobre a festa incrível em St.Tropez. O Bagatelle, tanto em São Paulo quanto nas outras cidades nas quais existe, é indicado muito mais para divertir-se entre os seus iguais do que, exatamente, para ter uma experiência gastronômica. É um restaurante com alma de balada – e não se envergonha disto. E não deveria, mesmo: atende a um público sedento por opções.

Belo rótulo da água com gás do Bistrot Bagatelle: pena que é gaseificada artificialmente…

A ideia do Bagatelle é mesmo ser um esquenta para a noite, tanto que vira praticamente uma balada em si, com música alta e muita gente em pé diante do bar. Ou um ponto de encontro para o almoço informal, animado por drinques ou garrafas de champanhe. O menu traz a consagrada dupla franco-italiana marcada pelo uso excessivo de azeite trufado e trufas negras em conserva- porque, claro, as frescas não estão disponíveis o ano todo, apenas de dezembro a abril; o triste é que seus subprodutos são infinitamente inferiores, sem o mínimo de sutileza.

Tartare de mignon com manteiga de trufa: um dos muitos pratos trufados do menu

Assim que você entra no salão do Bagatelle já é possível sentir o aroma da trufa: ele invade suas narinas e soca seu cerebelo. Ela está presente no Tartare de mignon com manteiga de trufa (R$ 26 como entrada; R$ 39 como prato principal- que veio banhado em maionese, soterrando o sabor da carne), no nhoque ao molho de trufa negra (R$ 28; R$ 46), na sem graça e enjoativa “pizza” de creme fraiche e purê trufado (R$ 26, uma das opções de entradas para dividir), no filé de frango trufado com ovos cozidos, tomate, alface e batata frita (R$ 25) e no galeto assado com molho de trufa e batata rústica (R$ 44).

Steak au poivre, de fraldinha, com fritas

Deixando as trufas quietas, recomendo o bem executado Croque Madame acompanhado de boas batatas fritas (R$ 24), que, pelo que notei, já é um dos pratos mais pedidos na casa: cinco mesas ao meu lado apostaram nele. O Croque Monsieur – igual ao Madame, porém sem ovo- sai por R$ 22 e o La Burger Bagatelle, composto de burger de fraldinha, emmenthal, alface, tomate, picles, cebola confit e fritas, por R$ 26. Curiosamente, o menu não tem preços absurdos, tão comuns em São Paulo.

Entre os principais – com opções reduzidas no menu de almoço-, Moules Frites no vinho branco (R$ 38), peixe do dia com caviar de brinjela, chips de alcachofra e molho provençal (R$ 39) e Steak au poivre com batatas fritas (R$ 35). Feito com fraldinha macia, tinha tão pouco poivre que, depois da reclamação veemente da mesa ao lado – ao não ver nem uma bolinha de poivre-, foi reforçado em pimenta.

Área externa do Bistrot Bagatelle

Ah, sim, os drinques: apesar de ter combinações bem interessantes, criadas na matriz, como o Honey Clementine (Rum Zacapa 23, tangerina, suco de limão e mel, R$ 26) e o Rose Royal (Ciroc Redberry, purê de framboesa, creme de pêche, mel e espumante, R$ 35), pecam na execução e na dosagem dos ingredientes, assemelhando-se mais a sucos do que propriamente a coquetéis. Outro deslize: a água com gás, belamente rotulada com o logotipo de casa, é artificalmente gaseificada. Com tantas boas opções de águas naturalmente gasosas por aí…

Chessecake (com consistência de pudim, vou ser honesta) de banana em crosta de gengibre com banana brulê e calda toffee

Para sobremesa, peça o gostoso chessecake (com consistência de pudim, vou ser honesta) de banana em crosta de gengibre com banana brulê e calda toffee (R$ 16). Quem estiver em turma pode arriscar o Bagattele Mega Sundae, sorvete em versão mega composto por sabores baunilha e chocolate, acompanhado de brownies, cookies, coco queimado, amoras e calda de chocolate. A fofura calórica custa R$ 65.

Bistrot Bagatelle: Rua Padre João Manuel, 950, Jardins, tel.: (11) 3062-5870

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