Virou moda entre alguns ‘foodies’ ter preconceito com qualquer empreendimento que abra as portas no eixo Jardins-Itaim: há quem encha a boca pra dizer que esses bairros são o buraco negro da autenticidade e da boa gastronomia a preços razoáveis, uma espécie de linha de produção de restaurantes e bares sem alma. Bom, o novo Bossa vem pra calar boa parte desta claque.
A casa – cujo proprietário é o mesmo da casa noturna D-Edge – tem projeto arquitetônico belíssimo, funcionamento 24 horas (programado para começar dentro de 60 dias), um estúdio de gravação no andar superior, bem cuidada coquetelaria e cozinha comandada pelo talentoso William Ribeiro (ex- O Pote). Ali se encontra boa comida com acento brasileiro e temperos mediterrâneos, serviço cordial (porém nem sempre eficiente) e ambiente agradável. Os preços? Totalmente dentro da média para a região.
Entre os petiscos, ideias para acompanhar drinques na pré-refeição, gostosos espetinhos como o de kafta de cordeiro com iogurte e pepino (R$ 34) e de mini lula ao molho de salsa verde (R$ 22). Não perca o de quiabo grelhado com vinagrete de mel e farofa (R$ 16).
Pra algo mais substancioso, vá de lindamente temperado e encorpado caldinho de feijoada, acompanhado por excelente bolinho de arroz com queijo e couve e um, infelizmente, massudo croquete das carnes usadas na feijoada (R$ 26).
O menu de pratos principais é maior durante o almoço que no jantar, incluindo PFs, sugestão executiva diária, Plin de abóbora menina com cebola queimada e semente de papoula (R$ 42), saboroso spaghettini com lula, presunto de Catanduva e agrião (R$ 44), Camarões flambados na cachaça com mini arroz (R$ 58) e leitão à pururuca com abóbora, couve orgânica, alho confitado e vinagrete de erva doce (R$ 48).
O item mais caro do menu, o Polvo grelhado (R$ 60), peca por ter passado tempo demais no sous vide, alterando demais sua consistência e tornando-o esfarinhento ao toque do garfo. Seu acompanhamento, porém, faz bonito: delicadíssimo e leve creme de batata, vegetais tostados, vinagre balsâmico envelhecido e castanha do Pará.
Vá nos equilibrados e bons gin tônicas. “Garrei” paixão pelo Ginginger (Gin Tanqueray, tônica 1742, gengibre e zimbro, R$ 25) e pelo Yellow Submarine, composto por Gin Saffron, tônica, lâminas de beterraba e bitter de alecrim (R$ 32). O Victoria Queen leva Gin Mare, Tônica, manjericão e tomate cereja (R$ 32).
Entre os coquetéis autorais estão o Bossa (aquavit, xarope de pepino, gengibre, suco de limão siciliano, carpaccio de salmão e ovas de arenque, R$ 30) e o Cocota (cachaça, bitter hibisco, licor de framboesa, suco de grapefruit, club soda, R$ 28), que ainda não provei.
Para quem for almoçar, o executivo e o PF possuem valores que giram de R$ 28 (arroz agulhinha, feijão carioca, ovo frito, couve, farofa, vinagrete e banana grelhada) até R$ 60 (lombo de bacalhau grelhado ao azeite de ervas e alho, tomate, batata, brócolis e farofa de pão). O menu infantil (de R$ 20 a R$ 30), oferece opções como bifinhos de kobe com saladinha colorida.
Nas madrugadas a cozinha solta alguns poucos pratos, petiscos e comidas mais rápidas, caso do burger com queijo meia cura, alface, tomate, cebola e picles caseiro (R$ 28) e do Sanduíche de carne louca (R$ 24).
Entre as poucas sobremesas, bom Manjar de tapioca com raspas de laranja e calda de casca de jabuticaba macia, macia (R$ 18) – só penso ser dispensável o exageradamente doce leite condensado cozido que marca presença na composição, soterrando o sabor delicado da fruta.
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