Conheci a chef Nohad El Kadre em 2010, assim que ela abriu o Chez Nohad, nos Jardins. Projeto ousado, tanto pelo tamanho e decoração imponentes quanto pela proposta de servir a real comida libanesa em um cardápio imenso, o Chez Nohad tornou-se um dos meus pontos preferidos em São Paulo. Como escrevi uma vez, ela tem o dom de usar com primor todo tipo de especiarias. Sua comida é aromática, saborosa, vibrante. Mas, infelizmente, depois de 10 meses em funcionamento, o Chez Nohad fechou. A chef demorou um ano e meio para achar outro ponto e recomeçar. Achou: fica no Campo Belo.
O Byblos é um restaurante/rotisserie de salão simplérrimo e pequenino, o oposto do Chez Nohad, mas o principal continua lá: a comida libanesa excepcionalmente bem feita. A chef também continua a mesma, com seu carisma expansivo, sua vontade de receber todos da melhor maneira possível, seu jeitão despachado, a mania de ensinar os clientes o modo certo de provar sua comida (“Para comer o Byblos, pegue os ingredientes com a colher de dentro da fora da travessa, assim eles caem no seu prato do jeito certo, já misturados”).
Filha de libaneses, Nohad teve um restaurante de culinária da terra de seus pais por 10 anos no Pelourinho, Salvador. Há cerca de quatro voltou pra São Paulo e continua preparando suas especialidades de maneira que eu jamais consigo deixar de sair rolando, de tanto comer. O prato que dá nome a casa, Byblos (R$ 28), tem meu amor desde que foi criado- quibe cru temperado lindamente, carne moída salteada na manteiga com castanha de cajú, hummus, hortelã e cebola. Junte tudo, coloque um pouco da ótima coalhada caseira e seja feliz. Adoro, adoro, adoro.
Outra coisa que merece palmas: o shawarma de carne (R$ 18,50). Assado em um espeto vertical, típico dos países árabes, o filé mignon leva canela, páprica, pimenta e outras cositas mais. As fatias de carne suculenta e cheirosa são enroladas em pão quente, também feito ali, com legumes fresquíssimos (cebola, tomate, pepino) e acompanhado de boníssimo tarotor (molho à base de gergelim, alho e limão). Só comi algo parecido na Turquia. A primeira mordida desse shawarma me fez passear pelas ruas de Istambul e pelo mercado de especiarias… Coisa séria.
Ah, sim, as pastas: trio de hummus, coalhada e babaganuj (R$ 23,50) é um espetáculo. Fresco, leve. Boas demais também as esfihas de salame árabe, tomate fresco e queijo de cabra (R$ 5,50) e a mini kafta de cordeiro (R$ 18,50). E espetacular-sim, é essa a palavra- o Falafel ao tarotor (R$ 15). Nunca comi um bolinho de falafel tão perfeito, crocante e sequinho por fora, molhadinho por dentro, acompanhado de salada fresquíssima de alface e tomate. “O segredo é usar a quantidade certa de salsinha”, diz Nohad. Eu acho que o segredo é a experiência e o talento.
Para finalizar, ainda relembrei o sabor adocicado do Frango Al Rhasmatt (R$ 28): pedaços médios e tenros de peito flambados com conhaque e cozidos em um caldo grosso de açafrão e alecrim e servidos com batatas, damascos, uvas-passas, castanhas-de-caju, acompanhados de arroz com aletria e amêndoas.
Que bom que a Nohad voltou.
Byblos: Rua Gabriele D’Annunzio, 1340, Campo Belo, tel.: 2645-5177. Todos os pratos são vendidos também na rotisserie.
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