CASA FECHADA

O Chez Nohad, especializado nas cozinhas libanesa e marroquina, fica bem no meio do Jardins, na Alameda Franca. Aberto em janeiro deste ano sob o comando da chef Nohad El Kadre, ainda é desconhecido até dos vizinhos. Então, eu digo: vizinhos, não-vizinhos, passantes, comam lá. Já.

Faz muito tempo que não vou a um árabe tão apurado. Temperos, texturas, ambiente, tudo é na medida, nada excessivo. Bom, talvez o cardápio tenho opções demais (várias entradas, quibes, esfihas, chawarmas, couscous, criações da chef, pratos tradicionais libaneses, saladas, michuis….) mas não chega a ser um problema: pelo que provei, a cozinha dá conta de preparar tudo dentro de um ótimo padrão de qualidade.

O salão principal é calmo, amplo, com música típica em volume agradável e cadeiras confortáveis. O de trás, aberto, é um pátio com fonte, ótimo para tomar umas caipirinhas nestas noites insanamente quentes. A que leva o nome da casa é gostosa (só peça para colocarem pouco açúcar) e é composta por destilado, lima da pérsia, manjericão e cardamomo. Uma vez instalado, começa a comilança.

Couvert (R$ 15): suculentas azeitonas pretas libanesas, pão sírio fininho e quente (feito lá), berinjela delicadamente cortada e mistura com nozes e queijo boursin envolto em zahtar. Daí, a bem servida entrada: Byblos, ou seja, combinadinho com quibe cru, carne moída salteada na manteiga, homus, castanha-de-caju, hortelã e cebola. Coisa genial. Simples, ingredientes fresquíssimos, notoriamente de qualidade superior ao da maioria dos árabes da cidade, bela apresentação, bom demais. Podia comer só isso, mas ainda tinha muita coisa boa me esperando.

Entre os pratos criados pela chef está o Frango Al Rhasmatt (R$ 47,50): pedaços médios e tenros de peito flambados com conhaque e cozidos em um caldo grosso de açafrão e alecrim e servidos com batatas, damascos, uvas-passas, castanhas-de-caju, acompanhados de arroz com aletria e amêndoas. Riquíssimo em sabores, com textura sedosa e uma doçura pungente emprestada pelas frutas. O menu também oferece as Gallaba´s (R$ 48,50), cortes de carne cozidos em molho de tomate, açafrão, curry, grão-de-bico e especiarias e acompanhados, também, de arroz com aletria. Pedi o de cordeiro: a carne estava desmanchando ao toque do garfo e o sabor, intenso, com uso impecável das especiarias e a gostosa crocância das amêndoas do arroz.

Em vez de ir direto na minha sobremesa árabe preferida, coalhada com mel, aceitei a sugestão do garçom: Basma de Pistache com sorvete também de pistache. Espécie de bolo cruzado com crumble, a basma estava leve, não tinha menor miséria no uso da noz, quebrava deliciosamente na língua e como não era doce demais, ficava ótima misturada ao sabor, a textura e a temperatura do sorvete.

Esfiha e quibe frito? Bom, vou ter que voltar para provar– assim como o couscous que, segundo o cardápio, é a especialidade mor da casa– porque não tinha mais espaço no estômago… Porque restaurante árabe não tem rede, hein?!

PS: O rodízio de almoço, com os pratos mais tradicionais, custa R$ 55 por pessoa.

CHEZ NOHAD: Al. Franca, 1304 – Jardins – tel.: (11) 2362-2114. Fica aberto, direto, das 12h às 0h.