Alguns restaurantes, quando fecham, causam em mim uma certa tristeza, um vazio nos meus lugares prediletos. Foi o caso do Miya, que encerrou as atividades em junho de 2017. Há anos sou fã da comida asiática moderna e criativa do chef Flavio Miyamura. Pois agora dá para matar a saudade de suas receitas no novo Extásia. O restaurante funciona no andar superior de uma das unidades da importadora de vinhos Grand Cru e tem Flavio como chef executivo (também responsável pelas outras casas do Grupo Bacobuquê).
Não é o mesmo que o Miya, claro. O Extásia (mistura das palavras êxtase e Ásia…) tem outro perfil de público e fica numa área bem diferente da cidade, o que força a inclusão de pratos cujos ingredientes não me atraem nem um pouco – caso do salmão com quinoa e frutas secas (R$ 72) e do filé mignon com tubérculos (R$ 68) – mas que vendem bem. Mesmo com certas amarras, Flavio fez algo muito interessante no Extásia: construiu a maior parte do cardápio com pratos para serem compartilhados, o que incentiva a troca de experiências e torna a refeição mais divertida e menos formal.
E são eles, os pratos para compartilhar, o melhor do Extásia. Meu preferido foram os gordos cogumelos erynghi empanados e fritos, servidos com creme de berinjela defumada e regados levemente com molho tonkatsu (R$ 33): umami puro. Crocante por fora e cremosos no interior, os tubérculos assados e acompanhados por maionese de kimchi são viciantes (R$ 22). Ambos vão muito bem com uma taça/garrafa de vinho branco…
Sutil e saborosa, a Salada de abobrinha crua em lâminas, queijo de cabra e amêndoas tostadas é finalizada com aromático vinagrete de tangerina (R$ 19). Seguindo na linha dos sabores mais leves, há também o rolinho de papel de arroz com bifum, legumes e camarões, acompanhado por molho cítrico (R$ 15).
As Tostadas de milho com atum marinado, maionese de wasabi e salada de algas (R$ 48), um dos pratos mais famosos do Miya foi levado ao Extásia. Ainda bem. Continuam deliciosas.
As sugestões de principais me pareceram bem menos interessantes, com exceção do bem feito, porém um tico ácido além da conta, Pad Thai (R$ 45). O Arroz cremoso de abóbora japonesa, chocolate branco e castanhas (R$ 58) me foi servido tão doce que mais parecia uma sobremesa (aliás, daria uma ótima sobremesa!). O Pargo cozido em cama de sal e alecrim (R$ 62) estava no ponto certo, úmido, mas sem tempero algum; nem o sedoso purê de mandioquinha e o vinagrete de shissô que compõe a receita deram graça ao pescado.
Entre as opções de sobremesa, choux cream de creme de gengibre (R$ 19) e creme catalão de matchá (R$ 19).
Comente
Seja bem-vindo, sua opinião é importante. Comentários ofensivos serão reprovados