Amantes da cozinha italiana perderam um dos grandes endereços da cidade durante a pandemia, a Osteria Del Petirosso. O chef e proprietário, o romano Marco Renzetti, assim como tantos outros empreendedores do meio, não conseguiu superar a pressão dos meses de inatividade imposta sobre o negócio pelo COVID-19.
Eis que, há poucas semanas, silenciosamente, Renzetti abriu a pequeniníssima Fame Osteria. A nova casa tem apenas 12 lugares, funciona exclusivamente no sistema de menu-degustação de oito etapas (R$ 300 por pessoa) e com reservas marcadas via direct no Instagram.
A experiência intimista começa na visita ao perfil do Instagram da Fame – o endereço não é divulgado publicamente, nem o telefone – e continua quando se chega ao local, sem entrada para passantes, sem placas e escondido no andar superior de uma loja nos Jardins. Ao subir as escadas, chega-se a um belo e diminuto salão que ganha respiro com a cozinha totalmente aberta. Aliás, se for em duas pessoas, sentem-se ao balcão: dali se acompanha todo o movimento.
Renzetti agora está livre de amarras e cria pratos novos diariamente, guiando seu trabalho pelos insumos sazonais, muitas vezes orgânicos, de pequenos e micros artesãos da gastronomia. Não há cardápio: a ideia é servir o que há de melhor e mais fresco. Contudo, fica evidente a predileção do chef pelo universo marítimo: no dia do meu almoço, havia um nada óbvio e potente crudo de pescada amarela defumada com creme de ouriço, linguine ao soro de leite fermentado e ovas de salmão americano, pargo ao vapor com purê ácido de alcachofra e tempurá de flor de abobrinha ao creme de mozzarella e anchova.
Dos pontos altos da refeição, as pequenas e doces cebolas na brasa eram crocantes e cheias de nuances de sabor e picância aportadas pelo excelente azeite Borriello e pelas delicadas flores de erva doce. Para completar com excelência, foram acompanhadas pelo sensacional pão da Iza Padaria Artesanal.
A autoralidade de Renzetti se mostra nos detalhes, sem gritos, como no caso da pancetta crocantíssima, de textura próxima a pururuca, do nhoque à carbonara. Pode não agradar a todos, especialmente aos mais tradicionalistas, mas é inegavelmente interessante, assim como o Pecorino nacional, de alta qualidade e sabor marcante, da Gran Paladare.
A adega revela bons rótulos, alguns naturais, a valores que começam em R$ 200/garrafa.
O programa, com bebida alcoólica, fica em torno de R$ 500 por pessoa. Valor proibitivo para muitos. Mesmo assim, para conseguir um lugar no Fame, há que se reservar com mais de 15 dias de antecedência…
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