Famiglia Grandi: uma cantina como todas deveriam ser

ESTABELECIMENTO FECHADO

Pequena, aconchegante, despretensiosa e meio escondidinha em uma ruazinha de Pinheiros, o Famiglia Grandi Osteria é uma cantina como todas deveriam ser: ambiente alegre e agradável, comida boa de verdade, garçons eficientes e preços bacanas. Porque se você ainda tem a falsa impressão de que cantinas tradicionais são baratas, tenho algo a te dizer: R$ 90 numa porção gigante de massa molenga nadando em molho insosso, acompanhada por polpetta dura, não é bem o que chamo de bom custo/benefício….

Salão do Família Grandi
Aberta há cerca de oito meses por Tullio Grandi, que comandou por décadas a cantina do pai (Cantina do Piero — Il Vero), em sociedade com sua filha e genro (o chef da casa), o Famiglia Grandi Osteria tem massas secas Barilla ou Divella servida no ponto certíssimo, molho fresco, pastas artesanais (devidamente identificadad no cardápio para o cliente não ser enganado e ficar achando que todas são feitas ali) e carta de vinhos feita com parceria da La Pastina (os rótulos, para este tipo de restaurante, são meio caros).

rigatoni al'arrabiata

Depois de ficar salivando com as árias opções do cardápio grandinho– que inclui sugestões de carnes para duas pessoas como Ossobuco Milanese (R$ 70) e Filé à parmigiana (R$ 74)– resolvi pedir um das minha paixões na cozinha italiana, Arancini, e um dos pratos marcados como Especialidade do Chef, Rigatoni Al´Arrabiata (R$ 27). Meu acompanhante foi de outra especialidade, Agnolotti caseiro recheado de queijo de cabra, bresaola e manjericão (R$ 35). Enquanto esperávamos os pratos, nos distraíamos com o bom pão italiano Basilicata e manteiga– couvert mais tradicional e comfort, impossível. Eis então que nos servem o bolinho de risoto (arancini) com fritura douradinha, casca crocante, ponto perfeito do arroz e um recheio delicado de mortadela (acredite, é delicado mesmo sendo de mortadela!) e mussarela. Para acompanhar, um molho de tomate caseiro ligeiramente adocidado. Perfeito. Timing perfeito: cinco minutos depois que acabamos de comer a entrada, chegam as massas. Porções fartas, aroma inconfundível do molho de tomate fresco. Meu rigatoni estava al dente, com molho (um tiquiiiiiinho ácido) pedaçudo de tomate deliciosamente apimentado, bem apimentado (como dizia o menu).
Simplérrimo e muito bem feito. Garfando o prato que não era meu, como sempre, pude constatar que o agnelotti também estava muito bom, com massa bem cozida (sem ser dura nos pontos mais grossos nem desmanchar nos mais finos), recheio de sabor equilibrado entre o ácido do queijo e a bresaola. Fiquei realmente muito bem impressionada. Nesta hora Tullio– que o tempo todo ficou testando pratos novos e dando orientações para os cozinheiros sobre o ponto do cozimento, a quantidade de sal e apresentação do prato– nos pergunta, com simpatia natural, como está nossa refeição. O que eu poderia dizer além de ótima?sal Para sobremesa, as opções são bem tradicionais como tiramisù, pudim de leite, torta de maçã e… pastiera de grano (R$ 9). AMO pastiera de grano e a do Famiglia Grandi é rústica, bem feita, com bastante frutas cristalizadas (talvez algumas pessoas achem demais; eu curti).

agnoloti de bresaola

Finalmente encontrei uma cantina em São Paulo, junto com a La Pergoletta , que posso indicar sem medo de meus amigos saírem boiando em molho ralo.

Famiglia Grandi Osteria: Rua Cunha Gago, 864, Pinheiros, tel.: (11) 3814-1106

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