“Eu não sirvo boi, sirvo carne. Por isso venho desenvolvendo, junto com os melhores criadores de Porto Feliz, no interior de São Paulo, cruzamentos de gado que produzam a melhor carne. Aperfeiçoamos através da mistura certa de raças até conseguimos atingir um produto final de qualidade excepcional. O Brasil tem a melhor genética de gado do mundo– só falta as pessoas aprenderem a tirar o melhor disso”, diz Marco Bassi, o maior especialista em carnes do país.
Há mais quatro décadas trabalhando com o produto, hoje Bassi vende o supra sumo, o top de linha da carne nacional em seu restaurante, oTemplo da Carne. Mesmo fora do circuito gastronômico manjado de São Paulo (Itaim-Vila Olímpia-Vila Madalena- Jardins), a casa lota todos os dias no almoço e nos jantares de quarta à domingo— e olha que o salão é grande!– e serve 100 bois inteiros por mês.
A paixão de Bassi pelo que faz é deliciosa de se ouvir. Mais delicioso ainda é aprender com ele as possibilidades de mercado e de uso dessa matéria-prima tão amada mas tão sub utilizada pelos brasileiros: “Se todos os chefs parassem de servir escalopinho e começassem a fazer grandes assados e cozidos, descobririam que não existe carne de segunda– e daí os clientes também descobririam. O que existe é boi de primeira qualidade e boi de segunda qualidade. O consumidor só vai aprender a comer cortes além de picanha se os cozinheiros os conhecerem e souberem preparar”, fala Bassi. “E, além de tudo, os preços seriam mais baixos”.
Em busca dessa excelência total e da educação do mercado, Bassi acaba de lançar um festival que tive o prazer imensurável de provar até rolar: Festival da Costela do Contra-Filé. “O que quero é mostrar para o consumidor a variedade de cortes, texturas e sabores que existe no boi. Então resolvi servir esse corte (que engloba o asado de tira e quatro bistecas) que é economicamente uma loucura, por que só existem duas peças por boi e eu estou vendendo há R$ 188 (serve, na boooooa, 4 pessoas com fome ou 5 pessoas com apetite normal), mas para o Templo da Carne não há coisa que agregue mais valor. Não se trata de dinheiro, mas sim de competência”, diz Bassi.
(as fotos não ficaram grande coisa porque o salão é meio escurinho…)
A peça gigantona vai inteira no espeto e, temperada apenas com sal grosso, fica 40 minutos na churrasqueira. Então o garçom a leva inteira, linda, até a mesa, tira deliciosas, suculentas, macias e cheirosas fatias, coloca-as sobre o seu prato e leva o resto da peça de volta pro calor. Então você corta– basta encostar a faca– e come uma das melhores carnes da sua vida, cujo sabor se esparrama pela boca e pelo cérebro. Acompanhei a lindona com palmito pupunha maciíssimo assado na churrasqueira (R$ 39,80, para duas pessoas), farofa de mandioca, linguiça e bacon (R$ 22, para duas pessoas) e crocantes batatas soufle (R$ 19,80, também para duas pessoas). Daí, quando estava quase para surtar de alegria, a carne volta. Mas, desta vez, em forma de perfeitas bistecas com exterior torradinho e interior ligeiramente vermelho e altamente suculento.
O que mais gosto no Templo da Carne não é só o cuidado e atenção que Bassi dedica ao produto; nem aos acompanhamentos fartos e bem feitos; nem o couvert que, por sí só, é uma refeição; nem o fato dos vinhos serem vendidos a preço de importadora. O que mais gosto é que tudo isso vem atrelado a BOM PREÇO. Veja só: em cinco pessoas, neste festival, com todos os “adendos” que citei, a refeição sai (já incluindo os 10%), R$ 59 por pessoa. Se você tiver a fome de um mamute e ainda encarar o couvert– pão italiano quentinho, manteiga, torradas, molho de cebola, palitos de cenoura, caponata, azeitonas, abobrinha com tomate seco, pimentão vermelho e abobrinha marinada em azeite– a conta fica em R$ 74. Outros exemplos dos valores de lá? A fraldinha para 4 pessoas fica em R$ 148 e a picanha para 3 pessoas, R$ 148.
Então, aproveite para se jogar no carnão– o Festival da Costela do Contra Filé começa hoje vai até o final de julho.
Templo da Carne de Marcos Bassi: Rua Treze de Maio, 668, Bela Vista, tel: 3288-7045
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