Móveis de madeira escura, longas toalhas brancas sobre as mesas, imenso lustre de cristal no meio do salão. Couvert com manteiga em formato de bolinhas, palitinhos de cenoura, azeitonas, pepinos e mini pão francês. Garçons experientes equilibram três, quatro bandejas sobre os antrebraços. O longo menu não é alterado há mais de duas décadas, o chef mantém-se à frente da cozinha há 48 anos e os clientes pedem os mesmos pratos que comiam nos almoços com seus avós. Mais clássico, impossível.
Entrar no Freddy é quase como passar por um portal dimensional que o leva direto para a década de 70. E a visita fica ainda mais interessante agora: o restaurante está comemorando 75 anos.
Em uma cidade como São Paulo, na qual a maioria dos restaurantes costumam ter vida brevíssima, não é todo dia que se vê uma casa completar sete décadas mesmo tendo mudado tanto de endereço (da Conselheiro Crispiniano, onde nasceu em 1935, para Santana; em 1954 se transferiu para o Itaim, na praça Dom Gastão Liberal; depois, foi para a Pedroso Alvarenga, onde está hoje) e de dono (de seu fundador, Freddy, passou para o francês Jacques Legoff que o vendeu para a atual proprietária, Priscilla Simonsen Biancalana). Para quem costuma frequentar lugares mais modernos, o salão pode parecer careta, o serviço soar um pouco estranho (equilibrar pratos em restaurante deste nível?) e o menu, caro (alguns pratos individuais de camarão chegam a custar R$ 120), mas o Freddy não é só comida, é história também. Em qual outro lugar deste país você encontra uma cozinha sendo comandada há quase cinquenta anos pelo mesmo chef, Geraldo Rodrigues?
Para comemorar, a casa está com dois festivais até dia 23 de maio: de Camarão (R$129 por pessoa; jantares de segunda à quinta. R$90), e de Chateaubriand(R$ 109 por pessoa; jantares de segunda à quinta R$76). Todos incluem entrada, prato principal e sobremesa.
Pedi um Chateaubriand com molho Bearnaise acompanhado por batata sauté: alto, bem vermelho por dentro (como deve ser), macio, suculento. O molho estava sedoso e saboroso. Meu namorado foi de Festival de camarão: um impecável marisco à provençal de entrada (não dava para deixar nenhum caldinho no prato; os pães do couvert foram feitos para isso, não?) e tenros e graúdos camarões ao curry de prato principal. Pena que nenhuma das sobremesas empolgaram….
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