Vários pontos me agradaram – e um me desagradou deveras – no novo Kod SteakHouse.
Criado como hamburgueria itinerante pelo publicitário (agora chef) Bruno Alves, em 2013, o Kod acaba de ganhar endereço fixo, em Pinheiros, e ampliar seu foco: por lá estão os hambúrgueres, mas também carnões, drinques, sobremesas.
Primeiro, o que me agradou:
– acho louvável um estabelecimento que tem na proteína animal seu maior foco não se esquecer de criar acompanhamentos com o mesmo nível de cuidado com o que trata a carne: e o Kod criou. Ali, eles não são enfeites ou algo para matar a fome enquanto a carne não chega.
Gostei especialmente da salada Coleslaw Thai – feita com repolho verde e roxo, iogurte, harissa, amendoim e broto de feijão (R$ 12) – e da Salada de quinoa com cogumelos, toque cítrico, folhas de brócolis e gorgonzola (R$ 13,50). Sem falar nos viciantes Corn Breads (R$ 5): adocicados e macios, são servidos quentinhos ao lado de manteiga com flor de sal.
– os mix de temperos e especiarias, molhos e pimentas são criativos e bem trabalhados. Bruno gosta tanto do tema que abriu um box do Mercado de Pinheiros dedicado exatamente a temperos – de produção própria – o Dëlika.
– as batatas fritas não só são artesanais e bem feitas, como também oferecidas em versões raras de se ver em São Paulo, caso da Frickles (R$ 10), cujos palitos ainda crus ficam em imersão na água do picles e ganham sabor lindamente azedinho. Como baldes dela! As Crickles (R$ 10) são empanadas em Panko. As frites (R$ 8) são… fritas.
– Inclusão no menu de cortes rejeitados por 99% das pessoas por puro preconceito ou falta de abertura a pedaços não “nobres”. Um dos pratos que mais curti no Kod foi a Parrillada dos excluídos (R$ 39), composta por bochecha, timo e língua. Isso é que é sabor complexo e texturas ricas, minha gente!
– tem sobremesa com Nutella? Não. E farofa de biscoito processado? Também não. O que tem são doces que finalizam a refeição com dignidade. Exemplo é o boníssimo Cheesecake brulê de queijo Canastra e – dispensáveis – geleia de hibisco ou ambrosia (R$ 12): ele sozinho faz o show. Outra boa ideia foi o trio de choux (profiteroles) recheados com ganache de chocolate que leva, cada um, uma das bebidas que compõe o Negroni: gin, vermouth, campari (R$ 11). Apesar de não ser possível distinguir exatamente a base alcóolica, ela se faz presente.
Então, o desagrado: as carnes passam pelo sous vide antes de irem para a parrilla.
Odeio sous vide – e odeio ainda mais quando ele é usado para ‘cortar caminho’ da beleza da cocção com brasa, fumaça, calor intenso. O que acontece é que os cortes ficam tão pouco na parrilla – visto que já estão cozidos em saco plástico, por longos períodos e temperaturas baixas – que não dá tempo da crosta externa tostar, ficando todinha na mesma consistência irritantemente uniforme. A passagem pelo sous vide também altera os sumos da carne, resultando em algo, ao meu ver, sem brilho e tediosamente macio.
Há Bife Ancho ao tempero cajun e bernaise ao chimichurri (R$ 55), Flat-Iron Steak ao tempero coreano e raita de ervas (R$ 54) e Rabada tostada na parrilla com molho agridoce vietnamita (R$ 42), entre outros.
A boa é que os burgers tem passagem apenas pela parrilla.
São sete fixos e um especial, rotativo. Entre eles: Elvis (R$ 20), o clássico cheeseburger com cheddar e maionese de endro; Hendrix (R$ 25), montado com burger de blend bovino, cheddar, bacon caramelizado, picles de pepino, cebola roxa e maionese de endro; Babe (R$ 25), com blend de carne bovina e suína, brie, maionese de harissa, picles de cebola roxa e tomate (R$ 25); Adão (R$ 26), que traz hambúrguer de costela bovina, queijo Canastra, cebola caramelizada, rúcula e maionese de alho; Constanza com burger bovino, cheddar, gema de ovo curada, torresmo e cebola roxa tostada (R$ 25).
A versão vegetariana, ChickChick, tem burger tem grão de bico, cenoura e tahine e pode ser substituído pelo burger de carne em qualquer montagem acima.
Especiais como Pork Shoulder (ombro de porco dessossado, assado lentamente, R$ 150) e Traseiro bovino que inclui maminha, baby beef e picanha, R$ 180), servem de 4 a 5 pessoas e precisam ser encomendados com antecedência.
Boa comida, ambiente bacana, preços comedidos – só torço para a aposentadoria precoce do saco plástico.
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