E viva o custo-benefício! Acho é ótimo que mais e mais casas estejam abrindo com a pegada de servir boa comida a preços domados, apostando em menus com ingredientes sazonais e/ou considerados ‘não nobres’ (existem cozinheiros ruins e não ingredientes pobres) e focando no retorno financeiro a médio/longo prazo. O novo representante do movimento é o Lambe-Lambe, dos mesmos sócios do italiano MoDi.
Também em Higienópolis, o Lambe-Lambe tem cardápio bem brasileiro, com pé na roça. Reinam a mandioca, o quiabo, o jiló, a abóbora, carnes como fígado e galinha caipira cujos molhos – saborosos – servem de companhia.
Quase milagrosamente as entradas giram em torno de R$ 13 – e não são porções minúsculas, não. Exemplos: a excelente frigideira de jiló com fígado, os bem temperados Discos de fraldinha moída com creme de mandioca e o ovo mole empanado acompanhado por purê de mandioquinha e molho de legumes.
P0r R$ 10 são servidas 3 coxinhas de frango à passarinho, de fritura correta e massa levemente cremosa. Bem boa, contudo precisaria de um pouco mais de tempo de forno para a carne soltar do osso com mais facilidade.
Assim como o MoDi, o Lambe-Lambe tem coquetelaria simples e caprichada e, de novo, com valores bem abaixo do que se vê por aí: a maioria dos drinques custa R$ 15, caso do Negroni, da Caipirinha e do refrescante Bombeirinho, que leva pó de beterraba, xarope artesanal de romã, suco de limão tahiti e cachaça. Torça para ter um dos melhores Cajús-Amigo da cidade (R$ 18), preparado com ótima compota de cajú fresco – por isso, não tem sempre -, cachaça e xerém torrado.
Se você gosta de fartura, se dará bem: todos os principais são acompanhados por arroz, farofa e feijão (salada de fradinho, preto ou tutu). Há Cupim na panela com canjiquinha e escarola refogada (R$ 32), linguiça artesanal grelhada com tostado de legumes e molho de ervas (R$ 26), Peixe frito do dia com vinagrete caiçara (R$ 35), entre outros.
Provei a Galinha Caipira com quiabo e angu de milho (R$ 33) por duas vezes: o que sobrou em suculência na primeira, faltou na segunda. O peito da ave veio ressecado, culpa do excesso de tempo no forno e pouco na panela, imersa no caldo. Creio que isso (além do insosso couvert, com biscoitos de polvilho semi-murchos e caldo de bacon sem gosto de bacon), se deva a acertos necessários na cozinha de toda e qualquer casa recém-inaugurada.
As sobremesas – fornecidas pelo patissier Arnor Porto, da Sweethings – saem a R$ 11, cada: arroz doce, cocada cremosa, torta de brigadeiro, pudim de tapioca (na real, pudim de leite condensado com meia dúzia de bolinhas de sagu) e manjar com calda de vinho tinto. Pro meu paladar, sobra açúcar…
Para terminar bem, café Suplicy (R$ 4,50).
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