Excelente Peito de pato fatiado sobre feijão branco e botarga do Lilu, do chef Andre Mifano
Há cerca de seis anos, Andre Mifano era o ‘chef do porco em São Paulo’ (título que hoje pertence a Jefferson Rueda, da Casa do Porco). No Vito, Mifano utilizava diversas partes do animal em preparos que abraçavam o clássico e o autoral. O tempo passou, o cozinheiro evoluiu, deixou o Vito e… o porco. Em sua nova casa, Lilu, o suíno aparece em detalhes do menu – caso do Lardo da Fazenda Yaguara que acompanha maçã verde e vinagre de Jerez (R$ 28)- mas nem de longe é a estrela.
Nesta empreitada, o cozinheiro abraçou uma gama muito maior de ingredientes. Tornou seu cardápio mais abrangente, democrático. Democratizou também a forma de servir suas criações: no Lilu não há entradas e principais. Tudo é principal e não há pratos individuais. Tudo é para ser compartilhado no centro da mesa.
Paraty grelhada com salada de tomate, abacate e alho assado: prato do Lilu
O menu – que será alterado com frequência, o que possibilita a tão almejada liberdade de criação e utilização de ingredientes sazonais – conta com treze opções salgadas e quatro doces. Há Tomates tostados, soja crocante e capuchinha (R$19), tartar de Wagyu com flocos de milho (R$ 34) e bagel da Z Deli com manteiga (R$ 8), entre outros.
Meu preferido: creme levíssimo de mandioca com caldo de frango, cogumelos e agrião
Os clientes não só veem o funcionamento da cozinha, completamente aberta, a partir do salão, como interagem com os cozinheiros: eles fazem às vezes dos garçons, levando os pratos à mesa para explicá-los.
“Este peixe vem direto do pescador, sem intermediário, para garantir o máximo de frescor”.
“Você vai notar que o colágeno do pé do frango, usado no caldo, vai grudar seus lábios”.
Alguns comensais adoram saber da onde vem o que comem; outros podem achar intrusivo demais. O fato é que é, sim, interessante conhecer o caminho que o alimento percorre até chegar, empratado, a nossa frente.
Salão do novo Lilu, do chef André Mifano: cozinha e salão são um a extensão do outro
Não deixe de tomar os poucos e bons coquetéis – criados pelo bartender Jean Ponce, do Guarita Bar -, caso do Lilu tônico (gin tanqueray, calda de açafrão, limão e folha de tangerina) e do Deus de Ará (Cachaça, lima da pérsia, maracujá, pimenta de cheiro e agrião). Cada um custa R$ 29.
Criação do confeiteiro Rafael Proti para o Lilu: bolo de avelã, tangerina, zabaione de licor 43 e granita de café.
As ‘porções’ podem sair bem caras para quem se empolgar e pedir várias sem checar os valores. Exemplo disso é o excelente, porém pequeno, Peito de pato fatiado sobre feijão branco e botarga por R$ 56. Há, entretanto, sugestões com melhor custo-benefício, como o Arroz de domingo – que serve duas pessoas – com rabada, linguiça portuguesa, couve e ovo (R$ 39) e o magnífico Creme de mandioca com caldo de frango “cozido por 36 horas”, cogumelos e agrião (R$ 30).
Sobremesa do Lilu: Bolo mármore de erva mate coberto com creme de limão
As sobremesas (R$ 29, cada) foram criadas pelo confeiteiro Rafael Proti (ex-Tuju), que consegue, sem esforço, reinventar/reagrupar sabores familiares com muito talento. O Bolo mármore de erva mate vem coberto com creme de limão impecável: cremoso, leve, azedinho e sem excesso de dulçor. Doce mais complexo, o bolo de avelã é montado com pedaços de tangerina, zabaione de licor 43 e granita de café.
Vá sem pressa, com amigos e vontade de socializar. No Lilu, o negócio é meter a colher.
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